Sobre a corrupção

Corrupção não é apenas o fato de receber dinheiro para fazer alguma coisa ilicitamente, mas o fato de desejarmos internamente que as coisas caminhem de acordo com a minha vontade, sem levar em consideração a necessidade do mundo que me rodeia. O egoísmo, segundo Krishnamurti é corrupção. É interessante percebermos que a corrupção começa em pequenos e insignificantes atos e vai se expandindo de forma imperceptível como uma bolha assassina, que tudo envolve tudo absorve e tudo detém em si mesmo.

A mudança tem que ser cultural, para tanto precisamos conhecer a origem dos desvios para saber onde mudar, para recomeçar. É necessário entender inicialmente o que é corromper. Corromper é perverter a ordem. Qual ordem? A ordem interna do ser! Quando ele é obrigado a fazer algo que não quer ou que não foi destinado a ser. É necessário perceber que somos obrigados a tanto desde a mais tenra idade, quando ainda quando criança somos sujeitos à violência de desviar a nossa atenção do prazer para a indignação!

Certa vez observei uma mãe com sua filhinha. O bebê de menos de um ano, estava deitado em uma almofada, acordada, se deliciando com a paisagem que se descortinava ao seu redor. De repente ela fitou determinado ponto do recinto, a mãe foi lá e tirou a criança da posição em que estava e a mudou de direção. O bebe novamente procurou o mesmo ponto anteriormente observado e de novo fitou o olhar, algo chamava a sua atenção. Novamente a mãe foi lá e de novo a tirou de seu crivo, ao que não deu qualquer contra reação aparente!

Isso é corrupção! A base dela é o desvio da atenção da criança de sua vontade em benefício à vontade do adulto, que predomina dado o seu tamanho, força e poder. A criança está totalmente sujeita ao poder do adulto, não sabendo como lidar com aquilo. Para sobreviver ela se une ao agressor, aprendendo então como se faz, absorvendo para si aquele prisma, para no futuro o executar contra as outras pessoas que perpassarem o seu caminho em toda a sua existência ulterior e total. Está formado o corrupto e o corruptor.

Achei de suma importância os três textos que escrevi agora sobre a corrupção, pois trata exatamente do desenvolvimento infantil no seu esforço de conseguir observar a sua vontade primordial. O grito da revolta fica engasgado desde a primeira infância, quando o bebe não pode lutar contra os pais, mas a alma percebe apesar de toda a limitação física e o trauma fica arquivado no corpo, vindo se expressar no futuro com o tempo.

É imprescindível compreender que subornar é uma violência sado masoquista. O indivíduo é obrigado a se sujeitar a fazer algo que não quer dada a força monetária. Ele se ajoelha perante o dinheiro, por medo ou necessidade e se submete aos caprichos do corruptor. Uma sociedade que venera o dinheiro em detrimento ao valor humano é corrupta em sua própria estrutura e precisa mudar, mas só pode mudar se as pessoas que compõem esta sociedade se conscientizarem desta realidade e resolverem mudar!

Mas na verdade, a base da corrupção está na própria Constituição que não execra de forma contundente os desvios praticados pelos criminosos. Como disse uma vez alguém: “a lei é promulgada por quem sabe que vai ser preso um dia”. Desta forma o povo tem por obrigação lutar para uma Constituição Clara e Objetiva, com poucos itens, visto que a diversidade constitui caminho aberto para o desvio. Desta forma é preciso que o povo se culturize da melhor forma plausível, o mais rápido possível, é urgente!

A tecnologia não fecha portas, ela abre. Ela não afasta as pessoas ela aproxima. Ela mostra de forma clara e contundente aquilo que somos e nos dá a possibilidade de mudarmos de forma intensiva a nossa forma de sentir, pensar e fazer. Esta idéia de que a tecnologia afasta as pessoas é promulgada por criaturas interessadas em manter o controle sobre as massas, exatamente por que sabe o poder que a tecnologia traz. As pessoas precisam aprender a usar cada vez mais e melhor este instrumento Divino, por nós.