Auto-gestação

Na infância, um carrossel, vestido de seres etéricos, seres galácticos, seres angélicos e seres elementares, passou por mim:

Eles mergulharam nos meus olhos!

Tocaram as minhas asas,

Despiram o meu corpo,

Me ofereceram água da Lua... (quem sabe para saciar a minha curiosidade)

E, beijaram os meus cabelos.

Gradativamente, fui sendo imantada e talhada para a vida...

como que envolvida por uma dança; encantada pelos caminhos lúdicos, cheios de sabores, sons exóticos, texturas mágicas, cores reluzentes.

Pude andar e correr com os pés desnudos...

Murmurando a voz da terra

Sentindo a memória dos grãos de areia chamando-me:

E um gosto metálico, sadio, sedutor, do caminho das estrelas.

Outro dia, o Tempo engoliu as suas arestas, regurgitou e perguntou-me baixinho:

_Quem poderá roubar-te a lenda auto-imposta? Vais deixar que te salvem?

Eu respondi:

_ As garras da ilusão teriam esse poder, mas, com ela eu já fiz o meu pacto!

Seilla Carvalho
Enviado por Seilla Carvalho em 05/10/2010
Reeditado em 01/09/2023
Código do texto: T2540054
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