" O Retorno " Parte ll (Fim dos Capitulos Iniciais )

(Continuação)

- E agora? – pensou ele com os seus botões, está tudo perdido eles vão encontrar a arma e me matar, pois vão ligar a minha pessoa a operação no banco.

- Você? Não vai descer cidadão? Não temos o tempo todo!

Vamos desce! (O Cardoso suava muito e nunca imaginou o que estava acontecendo levantou e pela sua cabeça passavam mil coisas, pegou a pasta que estava no seu colo e seguiu em direção a porta do ônibus, quando estava descendo o ultimo degrau ao por os pés no asfalto um dos passageiros que estava no ônibus e que havia descido correu então os soldados começaram a gritar e foi um tumulto pois outros dois que tambem estavam aguardando para serem revistados correram numa outra direção e se ouviu tiros pessoas gritando e se protegendo, Cardoso aproveitou o corre, corre seguiu caminhando se afastando rapidamente do ônibus, sem olhar pra trás pois ele repetia na sua cabeça : “Se eu olhar pra trás eu viro pedra, “Se eu parar viro estatua de sal...”)

- Corre Nunes! Não para! Não para!- Gritou a Lúcia desesperada enquanto estavam sendo perseguidos pelos soldados dentro de uma roça de cacau. E o Nunes “O Padre” em meio aos pés de cacau corria como um menino perdido com medo do bicho papão, e mesmo ofegante continuava com a sua Cantilena “Viva la revolucion, Viva ...”

O Carlos tentava despistar os soldados chamando a atenção deles para si, para que a Lucia e o Padre pudessem ter êxito na fuga.

Tiros ecoavam na noite e eles continuavam a correr na escuridão, derrepente no meio da correria ao olhar para trás viu o Padre parar e gritar : “ Pai tenha misericórdia de nós ! ” isso fez com que a Lucia esquecesse das lições de que a fé é um mal não necessário, “coisas do partido,” e lembrar da sua Vó católica fervorosa que nos momentos em que algo não estava tão bem se agarrava a Santa Rita de Cássia e outros santos que ela tinha num oratório no quarto. Lúcia se viu menina rezando com fervor para ela adulta. Ou seja ela se projeta ao passado para que a menininha reze para a mulher que apesar de politizada está correndo perigo e sente medo. Os olhos de Lucia estavam mareados, e se tornaram assustados ao notar que o seu companheiro além de desesperado havia sido baleado e estava de joelhos no chão.

- Nunes! Gritou Lúcia.

- Moço! O táxi já está aqui na porta do hotel. Disse um jovem que era o atendente do hotel, o homem limpou a boca com o guardanapo sorveu a água que estava no copo. Alisou o bigode que estava ficando grisalho.

Pegou o livro que estava com um marcador de pagina e o chapéu de palha tipo panamá e se dirigiu para a porta do hotel, deu um sorriso para o jovem que estava na portaria olhou para o motorista de táxi, tambem sorriu desceu os degraus que levavam a calçada abriu a porta do táxi e entrou sentou no banco de trás falou algo para o motorista abriu o livro e debruçou os olhos sobre a pagina aberta. O carro deu a partida e seguiu pela rua principal da cidade.

Ao avistar a praça central com seus banquinhos brancos ele olhou com um ar de saudade.

- Olha as realidades que você vai encontrar são muito diferentes.

Nada é como você imagina não há romantismo como a visão que o cinema americano fala, a nossa guerra não é só ideológica e política ela é muito mais complexa.

- Mesmo assim eu quero ir com você, lembre-se que meu pai tambem está envolvido nesta guerra e que eu não sou tão desinformado quanto você imagina e alem disso eu não vou para o Rio só para esta sua guerra e sim saber noticias de meu pai quero estar a par de tudo, onde está e para onde enviaram meu pai.

- A guerra não é minha! É nossa ! É de cada um de nós que queremos um Brasil livre! Livre destes militares assassinos, você e muita gente nem imagina o que eles estão fazendo com este pais e com as pessoas que pensam diferente deles.

- Eu quando vejo este discurso de Brasil livre ou frase tais como : “ O preço da liberdade é a eterna vigilancia” me faz lembrar do irmão de meu pai que é oficial do Exercito as vezes tenho a impressão que vocês compartilham a mesma cartilha. Quando vamos viajar?

- Assim que eu tiver novas informações sobre para onde eu irei se para o Rio ou São Paulo, devem vim me buscar e enquanto isto não acontece vamos continuar como estamos sem levantar suspeitas. Continuarei a dar as minhas aulas para o grupo escolar da fazenda e você fica de olho em tudo e não comenta nada dos nossos planos.

E quanto ao seu tio é um excremento humano, um torturador, e nada tem haver comigo ou minha militância.

- Meu pai sempre me disse que há uma tênue linha entre a razão e o fanatismo. Então! Meus comentários não são só ilustrativos e sim alerta aos navegantes.

Quando estavam a conversar foram interrompidos pelo delegado Silveira um Sargento do Exercito que era a maior autoridade do vilarejo.

- Bom dia professora!

- Olá Sargento! Como está? E a Aninha vai para aula hoje?

- Claro professora, ela gosta muito da senhorita, e vive a dizer para mim e para a Marlene que quer ser professora.

Olha eu quero agradecer muito pelo que a senhorita faz não só com a minha Aninha mas com todas as crianças da escola da fazenda e tambem a sua vó menino é muita bondade por uma escola a disposição das crianças.

- Por nada Sargento! Quem realmente merece os méritos é a vó e a mãe do Julhinho a minha tia.

Que mantem a escola da fazenda aberta dando todo o apoio a estas crianças.

- Professora, que mal lhe pergunte a senhora vai viajar vai?

pois eu escutei a aninha falando com a prima alguma coisa a respeito.

- Bem! Não é uma viagem eu vou para a casa visitar a família ver a mãe e o pai que estão lá no rio mas eu volto logo, logo. Para dar aulas as crianças novamente, e eu só vou viajar nas férias para não atrapalhar as crianças nos estudos.

- A senhora professora caiu do céu, e saiba que eu sou muito grato a Deus primeiramente, e a senhora!

- Por nada Sargento, assim o senhor vai me deixar sem graça.

- Desculpe professora não foi essa a minha intenção.

- Vamos Prima, se não vamos chegar atrasados para o almoço.

- Isso, é melhor irmos! Até mais Sargento!

- Pode parar aqui! -Disse o homem que estava calado todo o trajeto até o pé da colina grande. - Vou ficar aqui um pouco e caminhar por volta do final da tarde você pode passar aqui para me apanhar.

- O senhor vai ficar aqui só ? Esta fazendo alguma pesquisa? Desculpe me intrometer assim só que não é comum alguém ficar por essas bandas, só alguns turistas e estudantes que vem aqui acampar.

- Meu jovem! as coisas nem sempre são como se parenta ser.

então ! Faça o quer eu te disse.

- É que cidade pequena o senhor deve imaginar pessoas que são de fora chamam a atenção, não é a minha intenção me intrometer na sua vida, aceite minhas desculpas.

O homem já nem mais escutava o que o jovem estava a falar só olhava com um olhar distante para a colina.

A Colina!

- Foi aqui que eu vi que era tudo ou nada, que eu estava só e que nada mais restava que o fim que tiveram os meus companheiros.

Mortos crivados de balas, balas que os impostos que nós pagamos compraram.

- Então é isso que eu quero que você pense bem antes de seguir comigo por um sentimento que não é político e sim emocional, não quero te iludir eu gosto de você mas, não para ter você ao meu lado. Não neste momento, não na atual conjuntura.

Não me olhe com esse olhar de perdido, é este olhar que eles esperam ver se prenderem você, este é o convite para eles poderem acabar com você e por conseqüência prender e matar outros companheiros que estarão dependendo do seu silencio.

- eu irei com você onde quer que vá querendo ou não pois como eu já te falei esta luta tambem é minha esqueceu que meu pai ainda não foi se quer encontrado?

- Lucia !

Não me espere, vai e não pare de correr, corra o mais rápido que você já correu!

Vai! Corre! Não olha pra traz! – a Lúcia correu e ainda olhou para traz e foi atingida por um tiro, mas não parou de correr enquanto escutava os tiros de fuzil e metralhadora. Em meio a fuga passava pela cabeça dela as imagens de tempos mais amenos e do sorriso e esperança que sempre estava estampado na cara do seu companheiro de militância. O Carlos mesmo quando as coisas estavam difíceis ele conseguia contornar a situação e tinha o respeito e o apoio da direção do partido, tinha ido para Cuba era um militante treinado e tinha a admiração de todos era um grande orador, seus discursos nas assembléias era um dos mais concorridos.

O padre estava morto e a imagem que não saia da sua cabeça era a do seu amigo caído no chão e quando ela voltou para ergue-lo viu nas mãos dele um rosário então ela descobriu o que ele carregava no bolso e sempre mantinha consigo e guardava o segredo dos amigos do partido, isso tambem explicava o que ele ficava como se balbuciando ou falando sozinho caminhando com a mão no bolso.

Ele estava a rezar o seu rosário.

E agora só restava ela a correr desesperada, tambem a rezar com os seus botões, ferida perdida e só.

A falar mentalmente a sua ladainha: “Será que tudo isso vale a pena? Esta ditadura escrota a dizimar homens mulheres e a perseguir palavras e pensamentos.

O que fazer? Correr! Correr! Correr! Deus, Correr!

- Correr! Correr! Vamos! Corre! (Gritava a moça)

- Ela está piorando a febre está mais alta! Vamos chamar alguém! Se ela não for levada para o medico ela vai morrer! Ela está delirando e gritando cada vez mais alto alguém vai descobrir.

- Cala a boca Berta! Eu preciso pensar! Vamos tentar manter a calma pois assim não dá, você a falar que nem uma matraca e o João com essa cara de quem está vendo a morte. Calma! Vamos nós concentrar no que vamos fazer. Ela agora depende de nós e não sabemos o que realmente aconteceu com ela e abrigar ela aqui pode se tornar perigoso para todos nós podemos estar pondo a vida de todos aqui em grande perigo!

Neste momento o João sentiu um arrepio no corpo e ficou imóvel mas sabia do que se tratava, e logo depois se viu uma sobra de alguém atrás de João a Berta olhou para o João e ele estava pálido mas não olhava para trás o Julinho estava se preparando para falar mais alguma coisa quando foi interrompido pela forte presença atrás de João e logo emudeceu pois ela representava muito para eles era um símbolo de respeito e de carinho além de ser a figura que tinha um grande poder místico e detinha ensinamentos, segredos e histórias, sobre a vida, além de ser uma senhora altiva descendente de escravos nativos de Angola remanescentes da ultima leva de escravos trazidas para Bahia por um navio que tentando se esconder de navios ingleses que proibiam o trafico de escravos se dirigiu para o Brasil para se esconder e teve que deixar a sua “Preciosa Mercadoria” Em troca de alguns ( *Réis ) viveres e manutenção da nau além de pegar um carregamento de madeira para Europa. E a sua mãe que era uma princesa africana e sacerdotisa da sua tribo foi capturada por caçadores negros que caçavam e escravizavam seus pares de tribos que estavam no interior do pais. Ela a sua mãe, foi pega quando havia saído com algumas mulheres da tribo para uma cerimônia de batismo e iniciação a Deusa Guerreira que protegia a sua região hoje é sabido que a sua mãe era sacerdotisa de Iansã.

A sua voz era suave mas, penetrava profundamente em quem a escutava, firme e tinha um poder de fazer todos escuta-la sem interrupções. (* Yalorixá ) Filha de Oxum com Ogum, e que tinha na sua coroa Oxossi.

Quando D. Morena entrou no deposito de cacau todos se calaram e ficaram imóveis, João que era além de bisneto era filho de santo dela. Estava imóvel e pálido, Berta que a chamava de bisa assim como o Julinho que a tratava com muito respeito e que era muito querido por ela nada disse, ambos baixaram a cabeça e ficaram a olhar para o chão.

Ela com a sua voz que quando eles faziam alguma traquinagem mudava de tom sem que seu semblante perdesse a tranqüilidade perguntou: O que está acontecendo aqui? – ela estava ficando cega alguns diziam que já havia perdido a visão há tempos e que quem a guiava eram os Orixás.

Quem é essa moça?

O que houve com ela?

Porque vocês estão escondendo ela aqui e porque não me avisaram?

Ela se aproximou da moça e respirou fundo, olhou para cima como se falasse com o ar que havia inspirado momentos antes e soltado bem devagar com os lábios em movimento, olhou para os garotos e falou:

Depois eu quero todos os detalhes, agora vamos tratar dela, está ardendo em febre.

João! Vai lá no terreiro e pegue estas ervas, baixou e sussurrou no ouvido de João algumas palavras, ele rapidamente em silencio saiu do deposito.

- O Senhor continua a não colaborar! Eu sinto muito por isso professor, por causa do seu silencio e teimosia muita gente está sofrendo principalmente alguns dos seus alunos comunistas e seus colegas professores como a professora Maria Chagas, a qual linguas maldosas dizem se sua amante.

No momento em que ele o seu algoz pronuncia o nome da sua amiga o professor escuta gritos de uma mulher. O seu inquisidor tinha Além do bafo de Conhaque barato, uma voz meio roca e debochada, um sotaque de carioca, fumava muito pois o seu perfume era pura nicotina e ao falar ele soltava baforadas no rosto do professor.

- Vou mandar você para a sua cela espero que esteja confortável e enquanto isso vou ter mais uma conversinha com a sua amiga a Maria, o Pascoal (Risos) este não suportou levou um susto e desmaiou não vi a eloqüência que sempre teve ao discursar para aqueles merdinhas que se dizem revolucionários. O que eu vi foi ele se borrar literalmente (Risos) na cueca! ( Gargalhada) Ele quando acordar vai limpar a sala todinha com a boca. Leva este outro merda para a cela. A proposito professor se você está aguardando o seu irmão vim te tirar pode tirar seu cavalinho da chuva pois ele além de não saber da sua prisão ele está em missão no nordeste, então teremos muito tempo para conversar e é em consideração ao seu irmão que é um patriota que eu estou te dando a chance de conversar, por enquanto. Pode levar ele e antes de deixá-lo em sua cela leva ele para ver a amiguinha quem sabe esta visita não vai fazer com que ela convença ele a colaborar.

O professor foi levantado da cadeira em que estava por dois homens

Que segurava em seus braços um de cada lado, colocaram um capuz preto nele e o tiraram da sala. O que ele escutava era muitos gemidos e os gritos que não paravam e que estavam mais altos a medida que caminhava, o eco dos passos dele e dos que o escoltava dava a impressão que eles caminhavam por um corredor de salas ou celas pois a cada espaço de tempo ele escutava ou um gemido ou alguém a pedir água, uma das vozes que mais chamou a atenção do professor foi uma voz masculina que estava a rezar um “Salve Rainha” em meio a uma respiração muito ofegante.

Era um frei que havia sido preso e estava dependurado num pau de arara. E estava segundo seus torturadores descansando para um novo interrogatório. Era um jovem que há bem pouco tempo tinha sido ordenado sacerdote. Ele rezava com uma fé que aos olhos de qualquer um ateu ou não era inabalável.

O som de uma porta se abrindo e os gritos da mulher havia silenciado só se escutava a sua respiração entrecortada por gemidos. A porta se fechou atrás do professor e mãos seguraram os seus ombros e fizeram força para que ele se sentasse em uma cadeira o cheiro do local era insuportavelmente horrível, uma mistura de vomito, fezes e sangue infestava o ar ele sentiu um calor sobre o seu rosto e assim que tiraram o capuz negro que cobria o seu rosto ele pode notar que o calor vinha de um refletor que estava direcionado para os seus olhos que mal ele conseguia abrir. O choque de receber tanta luminosidade nos olhos fazia com que ele os fechasse mais ainda o que ele pode notar rapidamente é que a sala toda estava as escuras e nada ele pode ver do resto da sala pois os olhos se recusavam a abrir diante de tanta luz.

Depois de alguns segundos dentro da sala e sem o capuz ele pode escutar algo que se assemelhava a voz humana mais que estava muito baixo para que ele entendesse ele tentou apurar os sons em meio a tantos gemidos e gritos que se escutava de dentro da sala vindos de outros cantos daquele lugar que na sua imaginação lembrava os mais profundos umbrais. Ele escutou mais uma vez algo como um sussurro.

A porta atrás dele se abriu novamente os sons externos aumentaram e ele sentiu a leve brisa que entrou na sala, e logo um hálito que já lhe era familiar junto com uma voz que dava arrepios a falar no seu ouvido: - Estava com saudade professor? Você acha que eu iria perder este encontro de doutores? (Risos) Senhores esta é uma visão que poucas pessoas puderam ver e estar presentes a um encontro de tão diplomados e ilustres catedráticos! (Todos gargalharam) Que comovente a professora mártir e o matemático! Soube que vocês tiveram um caso (Risos) Que romântico a sua Mulher sabe deste caso professor? Oh! Ele ficou sem voz! (Neste momento um dos homens que estavam na sala deu um soco no estomago do professor e disse : Você não escutou a pergunta? – Calma! Não bata no professor ainda! Ele é artigo de primeira linha. Ele sabe que nós sabemos de tudo e que o que não sabemos vamos saber já, já! ( Mais uma vez ele escutou aquele sussurro só que agora deu para identificar o que a voz dizia : Julio! Julio!( Uma voz que apesar de fraca e muito baixa deu para identificar que era a da sua amiga Maria. Que além de colegas tiveram realmente um envolvimento amoroso mas que não durou muito tempo ela não queria ser a outra e ele amava a mulher.)

- Maria, É você? ( O refletor foi tirado de cima dos seus olhos e o seu foco foi desviado para o seu lado direito e aos poucos ele foi podendo identificar o que estava ao seu lado e ficou chocado ao ver . a sua amiga ou o que pode identificar que era ela, estava amarrada a um pau de arara, muito machucada com o rosto irreconhecível, muito inchado os olhos com bolsas de sangue ao redor fechados. E um cabo de vassoura quebrado enfiado no seu anus.)

- Tanajura!

- Sim senhor!

- Limpa os olhos da professora para ela poder enxergar o seu colega.

(Homem que tinha a alcunha de Tanajura pegou uma faca que estava suja de sangue segurou a cabeça de Ana e apertou contra a bolsa de sangue que estava em seu olho direito ela gritou e no mesmo momento água e sangue saiam do seu olho que ficou semi-aberto. Mais a claridade não a deixava enxergar nada.

Julio observava todos os detalhes o chão estava sujo de sangue e fezes as roupas de Ana estavam todas rasgadas e espalhadas ao seu redor, o bico dos seus seios tinham sangrando muito, foram apertados e cortados com alicate e depois suas pontas foram queimadas com cigarro para estancar o sangue. Seu corpo estava todo coberto por hematomas seus lábios já estavam roxos e algumas das suas unhas haviam sido arrancadas. Ele não conseguia imaginar o quê ou que espécie poderia fazer tal atrocidade com o seu semelhante.

- Viu professor como está a sua amiguinha depois de ter uma conversa amigável com estes homens? Ela é durona! Está firme! Se saiu melhor no interrogatório do que seu amigo Pascoal (Risos) Aquele é um bosta de Homem, aliás de homem não tem nada aquilo lá, e por falar em homem você sabia que a sua amiga e ex amante não gosta mais de homem e está tendo um romance com uma aluna? (Ele riu num tom sarcástico e completou:) Maria, você não sabe a outra surpresinha que eu tenho para você, ela a sua namoradinha está aqui tambem! (Quando ele disse isso ela gritou com todas as suas forças:)

– Não! Não toque nela seu porco imundo!

-Viu professor? Como ela ficou emocionada? o amor é lindo ! e é tão poético que me dá até vontade de chorar. Pois ela ressuscitou dos mortos em defesa da namoradinha. Quem diria não é professor? Você nem imaginava que ela ao deixar você iria trocar você por uma jovem de 20 anos. E olha por sinal ela é muito bonita! Usa um perfume delicado, algo assim semelhante a jasmim, ( ao escutar sobre o perfume da garota ela entrou em desespero e começou a gritar ) Coisa fina professor! Parece francês, Foi presente seu Maria? Acho que sim você tem bom gosto além do mais mulheres maduras sabem muito bem agradar os seus amores, que no seu caso é uma mulher. (Ela continuava a gritar e se sacudir no pau de arara, e com tanta força que o cabo de vassoura que estava no seu anus saiu e começou a sangrar )

- Cala a boca dessa mulher! Eu pensei que ela ia se comportar com a presença do seu amigo. (Um dos homens que estava na sala deu um chute na boca de Ana. Ela cuspiu sangue e algo que parecia ser dentes e começou a gemer, voltou ao estado anterior de quase desmaio)

- Isso! É assim que uma Doutora se comporta !

Não é verdade professor? Ela gritava assim quando fazia sexo com você? Olha se gritava, imaginar isso me excita! Ela gritando e o senhor broxantemente pensando em cálculos matemáticos (Gargalhadas) Acho que foi por isso que ela te trocou pela garota que tem um cheiro de flor, não é verdade sua vadia? ( Ele deu um chute que o pau de arara se desprendeu e ela caiu no chão. O Professor entrou em desespero tentou levantar para amparar a amiga e levou outro soco agora no olho e foi puxado novamente para a cadeira)

- Oh! Que romântico! Viu Tanajura? (Risos) Ele agora quis dar uma de Salvador! Olha seu porra! Aqui quem decide se salva ou vai para o IML sou eu ! Aqui eu sou Deus! Por enquanto eu acho que ela está indo muito bem e resiste ainda muito pode acreditar eu tenho experiência no assunto (Gargalhadas)

- Por favor! Não a machuque mais! Como é possível alguém fazer isso com o seu semelhante em nome de uma coisa que se imagina que é correta mais não é! De algo que se imagina sagrado mas, pra quem ?

Eu nunca fiz nada para o senhor e nem esta mulher, nada fizemos contra o nosso país ou aos nossos semelhantes! O que quer que o motive a fazer isso conosco pode ter certeza de que no fundo o senhor tem duvidas contra o quê ou contra quem está lutando.

Você sabe muito bem que lá no fundo esta “Guerra” que você foi convencido e forçado a lutar não tem lado! Não existe verdadeiramente. Tanto vocês quanto os que estão do outro lado sabem que o extremismo só leva a um caminho que é este o qual você está trilhando agora. Então por favor, o você acha que irá consegui tirar como informação de uma pessoa que está no estado em que ela se encontra? Não a espanque e nem negue socorro pra ela, por favor!

- Que magnífico! Olha eu quase passo para o lado dos comunistas com este seu discurso, querendo me doutrinar professor? Eu fiquei balançado, se eu que tenho o meu caráter já formado fiquei tentado a rever meus conceitos, imagina um jovem que entra para a universidade e encontra comunistas como você, experientes e cheios de saberes. ( Ele escutou a voz que vinha do chão e parou para escutar, ela mesmo fraca e quase sem voz num esforço sobre humano fez com que a sua voz se elevasse a ponto de todos na sala escutarem espantados e disse: – Julio! (Chamou a Mulher) e completou , pessoas como este homem nada sabem e nada entende e por mais que você gaste o seu latim nunca ira entender nada sobre nada. Apenas vem ao mundo para completar a cadeia alimentar, Prestam só para duas coisas serem paus mandados e fazerem o que lhes mandam como isso aqui. E alimentam os vermes depois que morrem.

Completando assim sua insignificante vida!

Neste momento Delegado Bastos, Olhou para todos ao seu redor e não esboçou nada o seu rosto ficou serio contraiu a musculatura do rosto comprimindo e rangendo os dentes, pegou um lenço no bolso enxugou seu suor de nicotina com Conhaque, olhou para todos ao redor deu um sorriso caminhou em direção a Maria que estava no chão a olhar para ele com um sorriso nos labios e disse: Se um dia a história perguntar quem foi o comunista mais valente farei de tudo para que seu nome seja lembrado, começou a chutar Maria e a pisar nela vociferando : )

- Vagabunda! Sua Vagabunda!” Eu Não queria te matar mais se é isso que você quer vou te dar o direito de morrer imaginado o que eu vou fazer com a sua namoradinha! Sua puta! Comunista doente que gosta de menininhas. Veja professor como se mata uma barata! É assim pisando! Até que ela seja esmagada! ( O professor começou a gritar:

- Não! Por favor! Não a mate! Não! ( Os homens que estavam na sala seguraram o professor e tiveram muito trabalho e passaram a espanca-lo tambem. O Delegado Bastos só parou de pisar a ana quando escutou um som como o de ossos sendo quebrados. Ele parou olhou para o chão e com a ponta do pé chutou o corpo de Ana tirou um lenço do bolso enxugou a testa e o rosto que estava muito vermelho tirou um pente fino do bolso da calça penteou os cabelos que estava com gomalina e disse: ) – Esta vagabunda me forçou a isto, ela me provocou e me forçou a mostrar quem manda aqui! Cala a boca seu porra se não eu te piso tambem assim como eu pisei esta puta! Tira este porra daqui agora. Chama o medico para atestar a morte dela por atropelamento.

Meerda!

- Merda Laurinha! Você trouxe ele pra cá? (Era o Cardoso que fora encontrado pela Laurinha vagando pelo centro totalmente descontrolado depois do susto de quase ser preso ou morto no ônibus e não lembrava do local marcado para se encontrar com os companheiros que iriam levar até um aparelho seguro)

- Calma Marcos! É a primeira ação dele, tudo bem garoto como você se chama mesmo?

- Car, Cardoso!

- Isso! Fica tranqüilo que a ação foi um sucesso! Escutei pelo radio e ninguém foi preso. Falei com o Wilson pelo telefone logo que ele chegou ao aparelho e ele me confirmou. Você dorme aqui hoje e amanhã vamos levar você para o outro aparelho.

Me da essa pasta e vai tomar um banho tem comida quentinha que pelo cheiro deve estar muito boa, foi o companheiro Marcos quem preparou, enquanto isso você marcos vai lá no aparelho onde o Cardoso deveria ficar e fala para os companheiros que está tudo bem com o garoto e fica por lá dando o apoio necessário para eles o Cardoso dorme aqui!

Pega a sua maleta e se o porteiro perguntar você diz que teve uma emergência no hospital e vai atender uma das suas clientes madames. Eu disse que o garoto é meu sobrinho que veio de São Paulo, para nos visitar. ( O Marcos foi até o quarto pegou a maleta e tirou de dentro uma arma e deu a Laura e disse: ) – Toma cuidado pois ele pode ter sido seguido.

- Não foi! Eu antes de me aproximar dele me certifiquei disso e só o trouxe para cá depois de caminhar bastante. Agora come dá um tempinho e desce. Ok! ( O Cardoso escutava o que eles conversavam pela fresta da porta do banheiro que estava entre aberta. Quando estava a escutar o marcos empurrou a porta e disse: ) - Você toma banho de portas abertas na casa onde você é hospede? Olha você pode ser protegido da Lucia mas aqui a coisa é diferente quem manda nesta porra aqui sou eu! Entendeu?

- Deixa o garoto em paz Marcos e faz logo o que eu te pedi! Liga não Garoto é que o Marcos costuma ter a necessidade de liberar testoterona e quando ver algum macho que é uma provável ameaça não se sabe a quê, ele tem estes ataques de defesa do “seu” território. (Risos) toma esta toalha limpa e vai para o chuveiro.

( O Marcos se despediu da Laura olhou para o Cardoso e falou: ) – Olha garoto ! Apesar de tudo a ação teve foi um sucesso, você passou no seu primeiro teste, pelo menos por enquanto está vivo e não entregou ninguém, mas esta carinha sua de otário me diz que se você cair além de se borrar todo no primeiro pau você entrega todo mundo, Laura, fica esperta e vê se não ataca o garoto!

- Marcos! Vai pra porra! E suma logo daqui.

- Ô garoto cuidado com a Laurinha a vampirinha adora sugar sangue de menininhos. (Risos)

( O Cardoso ficou sem entender o que o Marcos quis dizer olhou para a Laura e nada comentou se dirigiu até a cozinha e foi pegar um prato para por comida e comer)

- Você quer uma cerveja garoto? (Ele a olhou com uma cara de quem estava curioso em imaginar quem seria aquela mulher, bonita com um ar de Classe media mas não parecia ser casada.)

- Sim eu aceito!

- Olha fica tranqüilo pois é assim mesmo a primeira ação agente nunca esquece. Eu sei que vão te encher o saco sobre você ficar nervoso e se perder no centro mas, você está de parabéns pois te colocaram no lugar de maior responsabilidade numa ação como esta que é a de na contenção, e você manteve a calma, não sacou a arma só observou quem estava na rua enfrente ao banco e ficou atento sem vacilar. Olha eu já ouvi em reuniões que militantes mais experientes e que foram treinados em Cuba cagaram tudo! Fizeram merda, sacaram armas na rua ao ver pessoas que eles achavam “Suspeitas” homens de terno escuro que eram simples contínuos dos bancos. Sirene de ambulâncias faziam com que eles se desesperassem e complicaram com esta paranóia toda a operação.

Portanto vamos beber a nossa cervejinha que você merece e aproveitamos para conversar sobre você e como você entrou nesta grande loucura que é se posicionar contra este regime escroto e estes filhos da puta dos milicos, que diga-se de passagem não estão sozinhos tem muito burguês e grandes empresários finaciando e sendo apadrinhado por este regime e que enquanto a gente se fode para levantar fundos para nos mantermos de pé estes putos mamam no peito da ditadura através de grandes contratos e concessões e em troca financiam e emprestam fazendas e sítios para os milicos transformarem em campo de tortura e de concentração além de cemitérios clandestinos espalhados por todo o Brasil.

Sem falar na CIA que investe pesado para manter este regime e implantar outros em toda América-Latina. Só para você ter uma idéia militares que vão servir nos consulados e na embaixada do Brasil nos EUA vão como Adidos Militares e como seguranças destas representações, tudo fachada! Alguns vão para lá como se fosem fazer um curso da “Escola Superior de Guerra” Eles vão para lá serem treinados nas bases militares americanas, em técnicas de torturas e contra-informação e voltam para o Brasil para aplicarem o que aprenderam lá e dar instruções aqui nos quartéis aos seus comandados. Olha nesta ditadura não existem, Santos, Heróis ou Bandidos. O que existe é um bando de filho da puta paranóico fardado dando uma de herói e de bom moço , vendendo o nosso país para os americanos e pegando carona nisto para fazer seu pé de meia pode ter certeza que quando esta praga acabar na América - Latina o que vai ter de General de pijama cheio de grana descansando em suas fazendas ou morando fora do seu país de origem gastando o que roubou, se livrando dos tribunais, que eu acredito que num futuro não muito distante, hão de julga-los por tudo que hoje o país e as pessoas que lutam para que isso estes julgamentos aconteçam, passaram e passam, esperemos que o Brasil não seja um um pais de mártires fardados como Caxias e sua corriola que cortavam cabeças dos seus “inimigos” e assassinaram mulheres e crianças em canudos. Isso que eu estou falando com fé que aconteça pode só ser um delírio meu e uma utopia coletiva!

Você é da Bahia? Seu sotaque não parece que é de lá.!

( Após uma golada no copo e se recostar mais confortavelmente no sofá o jovem com um ar mais tranqüilo olhou para ela e disse: )

- Não, Eu nasci em São Paulo mas fui criado no Rio, na Bahia eu só passava as férias. Eu estou bem mas calmo agora o que eu queria agora era ver a Lucia e saber como ela está. Acredito que ela esteja preocupada comigo.

– Olha garoto eu posso te garantir que a sua amiguinha a companheira Lucia deve está muito mais preocupada com a ação em que ela está envolvida. Pode ter certeza disto, aqui não temos tempo para romances ou coisas do gênero, as nossas ações são importantes para mantermos a vida dos nossos companheiros e as nossas a salvo. Os militares e os seus colaboradores estão trabalhando vinte e quatro horas por dias nos quartéis e nas delegacias. Garoto aqui não tem lugar para o romantismo! Podemos até fazer sexo para aliviar a tenção mas, é só isso, Sexo! Eu quero fazer sexo você pode me ajudar nisso?

- Bom dia Comandante! ( Falou o jovem Tenente ao entrar na sala do chefe do SENIMAR prestando uma continência que parecia que foi muitas vezes ensaiada na frente do espelho, dedos espalmados unidos, perfeita!) - Olá Tenente Roberto! A vontade! Sente-se! Estava agora mesmo falando sobre você numa reunião no Estado Maior, uma bela carreira! O segundo na sua turma boas notas uma caderneta impecável, é de homens assim que o Brasil precisa, só que existem alguns oficias que não concordam com a minha avaliação por causa da infeliz situação em que a sua irmã te colocou. Muitros dizem que você não é de confiança e que pode ser facilmente corrompido e manipulado pelos comunistas que recrutaram a sua irmã, eles acham que você pode passar informações valiosas aos comunistas e assim contribuir com eles.

- Mas, Senhor! A Marinha sabe do meu compromisso com ela!

- Eu sei Tenente, eu acredito em você ! aliás na reunião eu fui o único a acreditar e consegui por hora convencer pelo menos o Chefe do Estado Maior, a me apoiar na minha opinião. Portanto eu sei e imagino que todo o seu esforço na escola para se manter entre os primeiros colocados e suas noites em claro estudando para compensar a sua falta de influencia por não ter nenhum militar na família, não ter um nome que pudesse ajudar a ser *acochado e por saber que a sandice da sua irmã poderia interferir negativamente na sua carreira. Eu tambem passei por isso, o mas próximo que minha família tinha chegado da vida militar é que o meu pai verdadeiro era um marinheiro, eu não o conheci, a minha mãe era puta e quando eu nasci ela me deu para um medico que era seu cliente e que a mulher não podia ter filhos. Então fui criado por um medico e uma dona de casa da zona sul, e filho legitimo de um marinheiro bebado com uma mulher da zona. Quando a minha “mãe” a puta morreu, meu pai o medico me levou no cemitério na zona norte e num caixão simples estava uma mulher que eu nunca tinha visto num caixão e o meu pai disse esta é a sua verdadeira mãe e me contou a verdadeira historia da minha vida. Depois deste dia em que eu soube da verdadeira historia sobre a minha vida eu passei a lutar para que ela fosse diferente de tudo que ele me contara, batalhei na minha vida a dar o melhor de mim em tudo que eu fazia. Então quando eu escolhi a carreira militar eu dei tudo de mim e hoje eu me vejo na sua historia de esforço me faz lembrar de mim jovem Tenente da Marinha o 1º da minha turma e um dos poucos da historia da *EN que não tinha uma historia de militares na família. Você deve está se perguntando sobre o porque eu estou te contando tudo isso, que eu espero que não saia desta sala. Tudo que te contei é para que você saiba que verdadeiramente quero te ajudar a mostrar aqueles que não acreditam em você e não acreditaram quando você cruzou os portões da Escola Naval dizendo: ai vem mais um filho de Paisano tentando a carreira militar não vai durar um ano. Eles ainda continuam a não acreditar em você filho!

Eles continuam apostando que você não chega a Capitão-Tenente!

Que você não chegara a lugar nenhum na Marinha, que no maximo você poderá ser um medíocre gerente de banco como o seu pai. É isso que você vai ser filho?

É isso que você vai permitir que eles vençam as apostas que fazem na *Praças D’armas, quando você entra para almoçar ou jantar?

Vai deixar quer eles os Oficias que tem nomes importantes na historia naval e que não é se quer de perto a sua sombra Tenente! (Gritou o Capitão de Mar e Guerra, Carvalho. O Chefe de operações do SENIMAR na Área do 1 DN*)

- Não senhor!

- Isso filho! Reaja a todas a estas coisas que para eles são pontos negativos, o que você deve fazer agora é usar estes pontos “Negativos” a seu favor. Eu sei Tenente que você só não foi o primeiro colocado porque o segundo era filho do chefe do EMFA e você era filho de um simples gerente de banco. Filho eu acredito em você e no seu potencial. Então, vou te oferecer o que ninguém me ofereceu quando era um oficial recém promovido. Tudo que eu conquistei foi a muita luta e na unha. Portanto eu quero você trabalhando ao meu lado! O que você me diz?

- Lucia! Aquela é a casa onde vai funcionar o aparelho você vai ser recém casada mulher do Dr. Emilio quem veio de Belo Horizonte para advogar no Rio. Lá vai ser o nosso (QG) para assuntos externos vocês vão controlar lá a nossa base de operações avançadas vão fazer o gerenciamento de toda a grana que podermos levantar com expropriações e doações, é de lá que vamos ou seja vocês vão operacionalizar nossas futuras ações será o nosso cofre forte lá guardaremos a grana.

(Lucia olhou para a casa pela janela do carro e algo lhe dizia que aquela missão nada tinha de tão simples como planejaram, que algo de muito ruim aquela casa lhe transmitia tinha uma aura muito sinistra)

- Onde estou?

- Bom dia moça! Eu sabia que você iria passar por esta muito bem, só que você ainda vai passar por poucas e boas menina!

Você tem uma grande missão e junto com esta missão muitos vão estar envolvidos e morrerão, outros como você, vão sofrer muito.

Isto é certo você ainda nem passou por tudo, esta luta de vocês é um caminho que terá um retorno mas, não agora e nem já, muitos serão traídos e traidores, muitos perderão para que poucos desfrutem o ônus destas perdas. Moça ! a sua vinda para cá e tudo que te aconteceu a você e aos outros estava escrito e com um porem muitas lagrimas ainda cairão pelo seu rosto e dos que irão com você nesta guerra desenfreada e desigual que vocês estão travando no mundo lá fora.

(Lucia escutava tudo atônita pois estava olhando tudo ao redor não sabia muito bem o que havia acontecido com ela e aquela voz firme e o forte cheiro de cacau do deposito pouco iluminado, deixava ela mais confusa. Ela tentou levantar e não conseguiu) – Fique deitadinha ai menina você esta alem de muito ferida perdeu muito sangue e não pode fazer esforço nenhum. Bebe isto aqui (Aquela mulher forte altiva deu para ela uma caneca esmaltada com algo para beber com um cheiro de ervas muito forte e uma cor verde escuro)

- O gosto não é bom mas, o efeito é bem melhor que o gosto.

- Tenente! O que houve com o senhor ? aliás desde ontem o senhor está tão estranho? Não vai me dizer que está impressionado com o que aconteceu ontem? Hora! Hora, Hora! (Risos) Meu rapaz não fique assim, isso é o que acontece numa batalha, estamos vivendo infelizmente numa guerra diária contra os inimigos do Brasil, estes comunistas estão acabando com a juventude deste país. Eles estão acabando com a família e tentando acabar com as instituições a ultima trincheira para salvaguardar este país somos nós, filho! Tudo isso que você presenciou ontem faz parte da nossa missão. Então!

Nada disso pode afetar a rotina do bom e bravo soldado do Exercito Brasileiro, você poderá ter uma carreira brilhante é só não deixar que ações que são meras missões coisas da rotina de um soldado que é impedir o avanço do inimigo, deixar você impressionado, afetar você.

- Permissão para falar Major?

- Sim Tenente, Permissão concedida!

- Major, sei que o senhor esta certo, mas ontem eu me deparei com uma coisa que eu não imaginaria e nem esperava que isso iria acontecer comigo. Eu vou te contar senhor, eu tenho ou melhor tinha uma prima que há alguns anos desapareceu niguem nem a família nem a policia tinha noticia do paradeiro dela até ontem. O que se dizia entre a família é que ela tinha sido seqüestrada pelos comunistas.

Nós éramos muito ligados quando criança passávamos as férias juntos depois que nós crescemos minha família foi para Minas e tivemos que nos separar a ultima vez que nós encontramos eu já estava na academia e fui visitar minha tia no rio fiquei lá um fim de semana e ela me levou para passear disse que eu estava vivendo num mundo de brinquedo, guerras de brinquedo e outras coisas mais. Eu não liguei e nem levei a serio nada do que ela me disse, estava bêbada. Pois bem eu fui embora ela estava estudando na PUC eu me formei nunca mais há vi, fui para o Mato Grosso depois que esta revolução tomou conta do Brasil vim transferido aqui para a Bahia, e na primeira ação em que cara a cara eu enfrento o inimigo quem eu encontro? A minha prima, sim ela, a minha prima uma rebelde comunista armada e perigosa. (O jovem Tenente estava com lagrimas nos olhos e se contendo com todas as forças para não chorar, no fundo estava arrasado.) e eu fui por ironia do destino o escolhido para dar o tiro de misericórdia nela, o seja eu matei a minha prima! ( o Tenente não suportou e desabou começou a chorar)

- Filho! Calma! (Levantou o Major da sua cadeira deu a volta e segurou no ombro do Jovem Tenente) Tenente isso são infelizmente o que eu estava querendo te explicar sobre o que esta corja de comunistas estão fazendo com a família estão destruindo os elos esta é uma das características mais cruéis do comunismo faz com que o individuo esqueça os laços e se entregue a um fanatismo que é maior que a família e que leva aos jovens a esquecer e negar a existência do próprio Deus! Filho, o que aconteceu ontem serve para embasar o que eu estava ontem a comentar na minha explanação a tropa. Eles depois que vem de Cuba não reconhecem ninguém nem a família nem a autoridade, ficam completamente mudados, passam por uma completa lavagem no cerebro. Você foi testemunha ela continuava a atirar mesmo com a arma descarregada estava tomada por algo que não é normal. O que você fez e sem saber foi exterminar um mal! Ela não era mais a sua inocente prima e se estivesse viva hoje eu garanto que se tivesse uma oportunidade metia um projétil na sua cabeça sem pensar na sua doce infância. Filho o que você fez foi salvar a alma dela pois a vida já estava perdida. Tudo que aconteceu ontem pode ter certeza foi algo Divino a providencia fez com que você fosse a espada da justiça de Deus ao dar o golpe de misericórdia na sua prima e mais! Deus fez com que você fosse o porta voz para a sua família que agora a sua prima está bem, livre das garras do mal, desta coisa que não pode ser considerada como comum ou normal! O comunismo é coisa do Diabo! E você sabe que Deus sempre está do lado de quem vai vencer e nós vencemos ontem e venceremos esta guerra pela família Católica pelo Brasil! Por Deus!

Carlos S Venttura
Enviado por Carlos S Venttura em 22/02/2008
Reeditado em 07/11/2010
Código do texto: T870789
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