A VÍRGULA NAS COORDENADAS
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Descomplicando a Língua
As Orações Coordenadas
A redação de um pensamento, em sua integridade, pode ser composta pela sucessão de orações independentes (gramaticalmente) e sintaticamente equivalentes – temos, então, um período composto por coordenação:
● Cheguei, vi, venci.
Nesse período temos a sucessão de três orações independentes, organizadas a partir das formas verbais: cheguei, vi, venci. As orações se sucedem naturalmente, apenas realçadas na pronúncia por leve pausa, que se marcou pela vírgula. Poderia, porém, haver entre elas, principalmente entre as duas últimas, uma conjunção coordenativa: Cheguei, vi [e] venci.
A VÍRGULA ENTRE AS ORAÇÕES COORDENADAS
As coordenadas assindéticas (sem conjunção) separam-se por vírgulas:
● Olhou as árvores, não viu as folhagens.
● Apita o árbitro, abrem-se as cortinas, começa o espetáculo.
As coordenadas sindéticas aditivas [e, ou e nem] Não devem ser usadas com vírgulas, exceto nestes casos:
a) Quando a conjunção [e] e o [nem] vierem, várias vezes, repetidos, constituindo aquilo que, em figura de linguagem, chama-se polissíndeto:
● Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
● Ela não era bela, nem elegante, nem culta.
b) Quando as orações ligadas pela conjunção [e] tiverem os sujeitos diferentes:
● O menino não se mexeu, e Paulo desejou matá-lo.
● À noite não acabava, e às vezes a miséria se reproduzia.
c) Quando se deseja como recurso estilístico, realçar a oração iniciada pela conjunção [e], ocasião em que a pausa é mais forte:
● Deitara-se cedo, e sonhou.
● Em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando.
Usa-se a vírgula para separar orações coordenadas (aditivas) iniciadas pela conjunção [e] com valor adversativo, ou seja, igual a [mas]:
● Tivera a felicidade entre as mãos, e (mas) a deixara fugir.
Orações Adversativas - use a vírgula para separar as adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão:
● Tudo isso é simpático, mas tem seus inconvenientes.
● Sofri muito, porém espero uma recompensa.
Emprega-se [mas] sempre no começo da oração; as demais podem vir ora no início da oração, ora após um dos seus termos:
• Vá onde quiser, mas fique morando conosco.
● Vá onde quiser, porém fique morando conosco.
● Vá onde quiser, fique, porém, morando conosco.
Orações Alternativas - use a vírgula para separar as alternativas: ou, ou... ou, ora...ora, já...já, quer...quer, seja... seja: Façam mais gols, ou perderemos o jogo.
● O professor ora brinca, ora fala sério.
Orações Conclusivas: use a vírgula para separar as conclusivas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por conseqüência, por isso:
● Sônia estudou bastante, portanto fará uma boa prova.
Pois (introduzindo uma conclusão) vem sempre posposto a um termo da oração a que pertence e, portanto, isolado por vírgulas:
• Não obedece à ordem, é, pois, um rebelde.
Orações Explicativas use a vírgula para separar as explicativas: que, porque, pois, porquanto: Vamos logo, que o trem vai partir.
● Não falemos alto, porque as crianças estão dormindo.
Existem dois tipos de porquês: o coordenativo explicativo e o subordinativo casual. Antes do explicativo sempre use a vírgula, pois ele introduz uma oração explicativa precedida por uma pequena pausa.
Como reconhecer o [porque] explicativo? Toda vez que você puder substituí-lo pela palavra que ele será explicativo:
● Não faça isso, (que) porque estamos aqui para ouvi-lo.
● Não corra, porque (que) você pode cair.
Já o porquê que introduz a oração causal não pode ser substituído pelo que e, neste caso, a vírgula é facultativa.
Pois (introduzindo uma explicação) vem, sempre, após a vírgula que introduz a oração: O exame era difícil, pois nem sequer havíamos estudado.
Vírgula após pois (explicativo) só se houver outra oração intercalada na seqüência da frase:
● Os meninos jogaram bem, pois, como fora combinado, dariam tudo de si. ®Sérgio.
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Para saber mais sobre o assunto ver: Cegalla, Domingos Paschoal, Novíssima Gramática da Língua Portuguesa; Editora Nacional, 2005.
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