POETISA OU POETA? EIS A QUESTÃO

 

O feminino de poeta é poetisa, qualquer gramática pode lhe confirmar isso. Contudo, essa forma feminina, com o tempo, adquiriu uma conotação pejorativa por que mulheres com reconhecida veia poética passaram a intitularem-se poetas; diziam não ser poetisa a verdadeira forma feminina de poeta, pois lhes atribuía uma condição de menoridade face aos homens. Além disso, intelectuais e críticos para diferenciar qualquer mulher que fizesse versos de uma autora de méritos, passaram a usar o vocábulo poeta como se fosse um comum de dois gêneros, ou seja, que tem uma só forma para os dois gêneros, sendo a distinção feita pelo artigo. E a moda pegou nos meios literários.

Dalila Teles Veras¹ assim se exprime sobre essa polêmica:

"Quando comecei a garatujar poemas, sem mesmo desconfiar da possibilidade desse tipo de discussão, já rejeitava intimamente a palavra poetisa. O termo soava-me como algo etéreo, passível de não ser levado a sério dentro do ofício da poesia. Parecia-me que a palavra poetisa melhor se aplicaria à mulher do poeta ou talvez àquela que declama poesia, e não àquela que faz poesia para valer.

Mais tarde, em contato com as mulheres que faziam poesia, foi possível verificar que elas próprias também se auto-proclamavam poetas. Convenci-me de vez da validade da proposta, através da leitura de Cecília Meireles que, no poema Motivo, dizia: 'Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa / Não sou alegre nem sou triste / sou poeta'."

Polêmica a parte, você pode usar para a mulher "poetisa", ou a forma "poeta"; ou, ainda, o juízo de valor: "poetisa" para qualquer mulher que faça versos e "poeta", para uma autora de méritos. ®Sérgio.

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1 - Dalila Teles Veras, natural do Funchal (Madeira-Portugal), 1946. Radicada no Brasil desde 1957 (São Paulo, Capital) e desde 1972 residente em Santo André (SP). Publicou, entre outros, os livros Lições de tempo (1982), Inventário precoce (1983), Madeira: do vinho à saudade (1989 - Portugal), Elemento em fúria (Teresina - 1989), A Palavraparte (1996), todos de poesia, A vida crônica (1999), crônicas, As Artes do Ofício (2000), crônicas e Minudências (2000), diários.

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