MAUS-TRATOS E MAL-ENTENDIDOS

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Estudos Gramaticais

 

Não será exagero dizer que não são poucas às vezes em que escrevedores erram ao grafar a palavra "maus-tratos". Por conta disso, é comum escrever-se no seu lugar a forma "maltratos". Ora, concientemente falando, maltratos não existe. O que existe é a forma verbal maltratar (verbo transitivo direto) = infligir maus-tratos a; tratar com aspereza, grosseiramente, com violência, etc.:

  Maltratava a mulher com recriminações diárias.

  Ele sentia prazer em me maltratar...

  Eu não maltrato os mais velhos.

O substantivo composto "maus-tratos" escreve-se sempre no plural. Nesse composto o adjetivo [mau] qualifica o substantivo [trato], daí a concordância entre eles. Os dois (adjetivo + substantivo) formam o substantivo composto maus-tratos = "delito de quem submete alguém, sob sua dependência ou guarda, a castigos imoderados, trabalhos excessivos e/ou privação de alimentos e cuidados, pondo-lhe, assim, em risco a vida ou a saúde". (Dicionário Eletrônico Houaiss)

Na expressão "mal-entendido", é o advérbio [mal] que modifica a forma verbal [entendido] = aquilo que foi entendido de maneira incorreta ou inadequada. Os dois elementos, advérbio e verbo, juntos constituem um substantivo composto.  No plural, somente o segundo elemento, porque advérbios são formas invariáveis. ®Sérgio.

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Para maiores informações sobre o assunto ver: Cegalla, Domingos Paschoal, Novíssima Gramática da Língua Portuguesa; Editora Nacional, 2005. / Savioli, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. Ed. Ática, São Paulo, 1993.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 23/06/2012
Reeditado em 17/07/2013
Código do texto: T3740937
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