Tudo sobre as palavras HISTÓRIA e ESTÓRIA

INTRODUÇÃO

Este texto é dedicado ao Advogado militante e Professor David Fares, notório recantista e respeitável amante da Língua Portuguesa.

ADIANTO:

A palavra ESTÓRIA é desnecessária!

ADIANTO:

Este é um texto muito longo (rs), mas muito bom, esclarecedor.

1ª PARTE

Somos cônscios de que HISTÓRIA significa narração metódica de fatos, acontecimentos e ações ocorridos na vida dos povos, na vida da humanidade. HISTÓRIA é ciência e método que nos permitem adquirir conhecimentos sobre a humanidade; é disciplina escolar; é conjunto de conhecimentos adquiridos.

Além dos significados (acima expostos), a palavra HISTÓRIA tem muitas outras acepções.

Serei, como sempre, rigoroso e honesto na apresentação dos demais sentidos da palavra HISTÓRIA; todos legitimados pelos dicionários de língua portuguesa, da atualidade (no Brasil). Exemplos: Caldas Aulete, Saraiva Jovem, Houaiss, Aurélio, Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras.

Continuemos, então!

2ª PARTE

Quando eu quero atribuir o sentido de CONTO, NARRAÇÃO, NARRATIVA, eu posso usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“Meu avô era grande contador de HISTÓRIAS.” (AURÉLIO, 2004)

O meu pai, Antônio Barbosa, gostava muito de contar HISTÓRIAS.

“CONHECE A HISTÓRIA DO CHAPEUZINHO VERMELHO?” (AURÉLIO, 2004)

Nota:

Você já ouviu alguém perguntar sobre a HISTÓRIA DO CHAPEUZINHO VERMELHO? É verídica essa HISTÓRIA? Você sabe a resposta!

Se você quiser dizer ENREDO, TRAMA, FÁBULA, você poderá, com segurança, usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“É um romance ótimo, apesar de quase não ter HISTÓRIA.” (AURÉLIO, 2004)

“A HISTÓRIA do filme é envolvente.” (HOUAISS, edição atualizada e completa, 2009)

Quando queremos dizer PATRANHA, LOROTA, PETA, MENTIRA, podemos usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“Deixe de lado essas HISTÓRIAS que não enganam ninguém.” (Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras, 2011)

“Nada havia de verdade no que o patife lhe contara: tudo era HISTÓRIA.” (AURÉLIO, 2004)

“Não me venhas com HISTÓRIAS.” (HOUAISS, 2009)

Quando você quiser expressar o sentido de COMPLICAÇÃO, AMOLAÇÃO, CHATEAÇÃO, você poderá – com segurança – usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“Saiu logo da festa, porque não queria saber de HISTÓRIAS.” (AURÉLIO, 2004)

“Depois daquela HISTÓRIA toda, não ousou aparecer.” (HOUAISS, 2009)

Se alguém quiser pedir que uma pessoa deixe de LUXO, MELINDRE, DENGUE, COMPLICAÇÃO, esse alguém poderá (com segurança) usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“Não se faça de rogado, deixe de HISTÓRIA, venha jantar conosco.” (AURÉLIO, 2004)

Para falar sobre RELAÇÃO AMOROSA; CASO, AVENTURA, qualquer pessoa pode usar a palavra HISTÓRIA. Ex.:

“Era do conhecimento de todos a sua HISTÓRIA com a moça.” (AURÉLIO, 2004)

“Durou anos a HISTÓRIA entre os dois.” (HOUAISS, 2009)

Ademais, na LINGUAGEM FAMILIAR OU INFORMAL, tal qual é registrado pelo AURÉLIO e por muitos outros dicionários, podemos usar a palavra HISTÓRIA significando COISA, OBJETO, NEGÓCIO, TROÇO. Ex.:

“Que HISTÓRIA é essa aí na sua blusa?” (AURÉLIO, 2004)

MUITO INTERESSANTE:

O Professor David Fares afirma que a ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS é autoridade para dizer o que é certo em Língua Portuguesa, quando nos referimos à norma-padrão do nosso idioma; que a ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS é autoridade para dizer o que podemos usar. O Professor David Fares, neste ponto, está totalmente certo. É por isso, também, que eu afirmo que HISTÓRIA é uma palavra que, além de muitos outros significados, significa o mesmo que ESTÓRIA. Ora, O DICIONÁRIO ESCOLAR DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS me autoriza a fazer esta afirmação. Quem quiser pode consultar o verbete HISTÓRIA nesse mesmo Dicionário, acepção 4, página 669. Lá, encontramos: “Narrativa ou relato de fatos reais ou fictícios: No filme, a HISTÓRIA tem um final feliz”.

Veja, no mesmo Dicionário, no mesmo verbete (HISTÓRIA), acepção 5: “Narrativa de cunho popular ou tradicional; estória: HISTÓRIAS da carochinha”.

Veja que, segundo esse Dicionário, na acepção 5, HISTÓRIA tem o mesmo significado de ESTÓRIA. A acepção 4 nos ajuda a ampliar o nosso entendimento.

MUITO INTERESSANTE:

O “Saraiva Jovem: dicionário da língua portuguesa”, 2010, no verbete HISTÓRIA, acepção 3: “Conjunto de situações e acontecimentos que constituem a narrativa de um fato real ou fictício.” Ex.:

“Qual é a HISTÓRIA do livro que você está lendo?” (SARAIVA JOVEM)

3ª PARTE

A respeito de ESTÓRIA, o Prof. Sérgio Nogueira Duarte da Silva, no livro “O Português do Dia-a-dia: como falar e escrever melhor”, ano 2004, na página 40, registra: “Embora já registrada em nossos dicionários, a preferência é o uso da palavra HISTÓRIA em qualquer situação: realidade ou ficção”.

A respeito de ESTÓRIA, o “Caldas Aulete: minidicionário contemporâneo da língua portuguesa”, 3ª edição (2011), uma obra enviada às escolas públicas brasileiras, pelo Ministério da Educação, na página 377, registra: “A palavra foi proposta para designar narrativa de ficção, mas a forma preferencial é HISTÓRIA.”

A respeito da palavra ESTÓRIA, o “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 3ª edição (2004), na página 833, consigna: “Recomenda-se apenas a grafia HISTÓRIA, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções”.

CONCLUSÃO:

Se consultarmos os dicionários, veremos que HISTÓRIA é uma palavra polissêmica, ou seja, tem vários significados, incluindo a acepção de “narrativa de fatos reais ou fictícios”, sentido consignado pela edição supracitada do Caldas Aulete, na acepção 3 do verbete HISTÓRIA, sendo, portanto, o significado de ESTÓRIA.

HISTÓRIA é uma palavra que apresenta vários significados. Um deles é o mesmo atribuído à palavra ESTÓRIA. Sendo assim, repito: ESTÓRIA é uma palavra desnecessária.

Após tudo isso, eu afirmo:

ESTÓRIA é uma palavra de significado muito restrito. HISTÓRIA é uma palavra polissêmica, com vários significados; é uma palavra abrangente.

É um dever de todo professor mostrar o que existe, ainda que ele tenha preferências.

Para concluir, imaginemos esta situação:

Alguém está precisando fazer uma reforma na casa. Há dois competentes profissionais que poderão ser contratados. O primeiro tem a capacidade para fazer todo o trabalho. Ele é pedreiro e sabe fazer muito bem o telhado da casa. O segundo profissional, entretanto, só sabe fazer o telhado, coisa que o primeiro também faz. Diante disso, temos a escolha: vamos contratar dois profissionais, para cada um fazer uma coisa diferente, ou vamos contratar somente o primeiro, que sabe fazer todo o trabalho? O segundo profissional é muito bom. Todavia, ele não será necessário, visto que o primeiro executa todo o trabalho que deve ser feito.

Assim são as palavras HISTÓRIA e ESTÓRIA. A primeira diz tudo. A segunda diz muito pouco.

Temos, ainda:

História da carochinha, História de Trancoso; história em quadrinhos; história natural; história para boi dormir; história do arco-da-velha; história para menino dormir sem ceia. Há quem seja cheio de histórias. Há, também, muita gente que, após um acidente, tem sorte de “ficar para contar a história”.

Um forte e cordial abraço!

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 24/01/2014
Reeditado em 24/01/2014
Código do texto: T4663394
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.