EUNICE WEAVER


            Revirando os meus alfarrábios, encontrei uma foto envelhecida e amarelada pelo tempo, publicada pela Revista “O Cruzeiro” aos 25 de Maio de 1957. Era a foto de Dona Eunice WEAVER (na época chamada de Mãe Eunice) que apesar de não ter filhos, tratava e encaminhava filhos de leprosos. Iniciou sua luta contra a Lepra, defendendo as crianças nascidas em lares doentes.

Dona Eunice era uma mulher extremamente corajosa, pois trabalhava no setor que representava um dos mais sérios problemas da época; dando proteção e assistência aos filhos e famílias doentes. Dona Eunice estava permanentemente no seu posto, dirigindo a Federação das Sociedades de Assistências aos Lázaros, instalada no 11º andar de um prédio na Avenida Calógeras, nº 15, no Rio de Janeiro. Procurei informações sobre a Federação mas nada posso dizer atualmente sobre essa entidade, não sei se ainda existe.

Dona Eunice nasceu em São Paulo, onde viveu os primeiros anos de sua vida. Seus pais mudaram-se para Uruguaiana - RS quando ela tinha apenas três anos de idade, e já sabia a razão que fizera a sua família sair de São Paulo para se estabelecer no Rio Grande do Sul: naquele tempo, os leprosos andavam pelas estradas e acampavam a beira das mesmas.

Dona Eunice realizou seus estudos no Rio Grande do Sul, no Colégio União, em Uruguaiana. O diretor do colégio era o professor CHARLES ANDERSON WEAVER, e na época ela era quase uma menina, estando longe de imaginar que ainda seriam marido e mulher.

Dona Eunice voltou para São Paulo a fim de continuar seus estudos, formou-se na Escola Normal e fez o curso de Educação Sanitária. Em passeio, foi visitar uma família amiga e lá encontrou o antigo diretor do Colégio União, o professor WEAVER, que fora a São Paulo para tratar da publicação dos seus livros. O professor estava viúvo e seis meses depois do encontro se casaram; evidentemente havia uma diferença de idade.

Foram morar em Juiz de Fora, Minas Gerais. Um ano depois, o marido de Dona Eunice foi convidado para ser diretor da Universidade Flutuante na América do Norte. A bordo só haviam professores e alunos, e os estudos eram feitos nos países onde a embarcação aportava. Acompanhando o marido, Dona Eunice se considerava privilegiada por ter conhecido GANDHI, e com ele ter conversado longamente. Na Índia viu de perto os problemas da Lepra, e foi lá que relembrando de sua mãe – aterrorizada – voltou para o Brasil dando início a uma luta sem trégua contra o flagelo. A campanha a empolgava, cada dia mais, por estarem sendo constatados os benefícios que tinha espalhado.

Ela não teve filhos, mas criou como se fossem seus os quatro que o marido lhe trouxe do primeiro casamento; além disso, se sentiu mãe de milhares de crianças que se tornaram moças e rapazes completamente reabilitados da Lepra. Com a morte do marido, Dona Eunice ficou bastante abatida, e declarou: “Se não fosse meu marido eu não seria nada”.

Mas a luta precisava continuar. Durante 15 anos viajou pelo Brasil, criando cursos e educandários; ia a todos os lugares onde sua presença fosse exigida.

Façamos uma reflexão. Essa mulher corajosa, benfeitora da humanidade – esteja onde estiver, até mesmo no céu da sua mente – com certeza irradiará luz e benefícios. Felicidades pra você, Dona Eunice WEAVER!

 

 

Por Lídia Albuquerque

Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 21/07/2008
Reeditado em 27/11/2008
Código do texto: T1090922
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