Mercedes Sosa, sempre!

Wilson Correia*

Conheci o trabalho de Mercedes Sosa, a cantora argentina, na adolescência. Desde então, ela tem sido uma companhia constante em minha vida, por meio de suas obras, inigualáveis, feitas para esmerilar o espírito e refinar a alma.

Agora informa a FolhaOnline**: “A cantora argentina Mercedes Sosa morreu hoje [04.10.2009], aos 74 anos, no hospital em Buenos Aires onde estava internada há cerca de um mês”.

Segundo o filho da cantora, Fabuán Matus, "Ela viveu plenamente seus 74 anos, fez praticamente tudo o que quis, não teve nenhum tipo de barreira nem medo. Viveu uma vida muito plena, que foi dolorosa, pelo exílio", disse.

Mercedes Sosa é desses humanos que chegam na Terra e que conquistam-na de tão modo singular, que sua escolha é ficar: na obra que realizou e nos corações onde se meteu para fazer o belo, o bem e o bom dançarem em nome de nossa humanidade.

Mercedes Sosa, sempre!

"Gracias A La Vida

– Graças à Vida

Mercedes Sosa

Composição: Violeta Parra

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me dio dos luceros que cuando los abro

– Me deu dois luzeiros que quando os abro

Perfecto distingo lo negro del blanco

– Perfeito distinguo o preto do branco

Y en el alto cielo su fondo estrellado

– E no alto céu seu fundo estrelado

Y en las multitudes el hombre que yo amo

– E nas multidões o homem que eu amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me ha dado el oído que en todo su ancho

– Me deu o ouvido que em todo seu comprimento

Graba noche y día grillos y canarios

– Grava noite e dia grilos e canários

Martirios, turbinas, ladridos, chubascos

– Martírios, turbinas, latidos, aguaceiros

Y la voz tan tierna de mi bien amado

– E a voz tão terna de meu bem amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me ha dado el sonido y el abecedario

– Me deu o som e o abecedário

Con él, las palabras que pienso y declaro

– Com ele, as palavras que penso e declaro

Madre, amigo, hermano

– Mãe, amigo, irmão

Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

– E luz iluminando a rota da alma do que estou amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me ha dado la marcha de mis pies cansados

– Me deu a marcha de meus pés cansados

Con ellos anduve ciudades y charcos

– Com eles andei cidades e charcos

Playas y desiertos, montañas y llanos

– Praias e desertos, montanhas e planícies

Y la casa tuya, tu calle y tu patio

– E a casa sua, sua rua e seu pátio

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me dio el corazón que agita su marco

– Me deu o coração que agita seu marco

Cuando miro el fruto del cerebro humano

– Quando olho o fruto do cérebro humano

Cuando miro el bueno tan lejos del malo

– Quando olho o bom tão longe do mal

Cuando miro el fondo de tus ojos claros

– Quando olho o fundo de seus olhos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto

– Graças à vida que me deu tanto

Me ha dado la risa y me ha dado el llanto

– Me deu o riso e me deu o pranto

Así yo distingo dicha de quebranto

– Assim eu distinguo fortuna de quebranto

Los dos materiales que forman mi canto

– Os dois materiais que formam meu canto

Y el canto de ustedes que es el mismo canto

– E o canto de vocês que é o mesmo canto

Y el canto de todos que es mi propio canto

– E o canto de todos que é meu próprio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida

– Graças à vida, graças à vida”

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009.

** Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u632301.shtml.