Dia dos Pais

Diógenes Paraná e Silva

Este era o seu nome.

Há muitos anos nos deixou, continuando, no além, a sua trajetória.

Que Deus o tenha junto de si.

Tinha defeitos? Claro! E muitos!

Interessante como no decorrer da vida nossas opiniões mudam:

Quando criança - pais são heróis, imaculados, fortes, admirados, sempre certos em tudo o que fazem e no que dizem.

Quando jovens - aprendemos a vê-los com telhado de vidro.Nossa capacidade crítica exacerbada,comum nessa fase da vida, nos leva a olhar com lente de aumento seus defeitos, criticando-os e nos posicionando contra suas mínimas falhas. Parece que queremos nos redimir da admiração cega que por ele nutríamos, quando criança.

Quando adultos podemos vê-los mais claramente,com isenção de julgamento, com imparcialidade e até com um pouco de condescendência para com seus pequenos erros.

Quando eles já se foram... Ah... Como os admiramos! Apagamos de nossa memória e do nosso íntimo todo o desapreço e só deixamos aflorar à lembrança os bons momentos.

Bons momentos? Maravilhosos momentos! Muitos momentos especiais:

- os piqueniques na floresta; as aulas de tiro nas pedras da cachoeira; a busca de frutas silvestre; as viagens de trem, quando fingia ficar na estação enquanto o trem partia - o que nos deixava desesperados; sua escrita limpa, correta e desenhada - resultado de autodidatismo de quem nunca frequentou escolas; seu gosto por música e leituras de revistas, jornais e livros, nunca deixando faltar o alimento cultural em casa; sua exigência para com nosso desempenho escolar, dizendo, à cada sucesso nosso:"- Eu não esperava menos. Seu sobrenome é Paraná!"; O interesse, incentivo e aplausos em nossos "teatrinhos" caseiros, quando cantávamos as canções de sucesso, apresentávamos peças que nós mesmos escrevíamos, as poesias escolares que declamávamos... O gosto pelo belo, pela organização, pela limpeza; os jardins floridos que ele cultivava e que causavam admiração nos passantes; sua criatividade,construindo, ele próprio, com carinho especial, nossos brinquedos, quando ainda não existiam brinquedos em profusão e a baixos preços, como os vindos da China: uma "casinha de verdade", com mobília e tudio, um bote e remos para navergarmos no açude que ele construiu, o carrinho que descia por trilhos numa ladeira, as panelinhas, os piões, os bilboquês; E para nossa casa, quando ainda não havia energia elétrica na comunidade, a construção de uma roda d'água para gerar energia, acionando o rádio e a vitrola; uma geladeira totalmente manufaturada, um inédito chuveiro quente, carrinhos capazes de transportar-nos, já grandes...

Meu Deus! Quanta criatiividade! E eu aqui, tão pequena diante desse ser que se agiganta na minha memória. Todas essas lembranças são lições que ele continua nos dando.

Pais são para sempre. Mesmo depois da vida, continuam nos dando vida. São eternos, graças a Deus!