ACONTECEU AQUI -1 O VOU DO TIREIS

Belmiro perdera a mãe ainda quase bebê. Os recursos financeiros do pai estavam muito abaixo de qualquer nível de pobreza. Órfãos os irmãos, e ele foram criados pela caridade alheia.Vivia ele a mendigar comida aqui e ali.Criou subnutrido, fator que lhe premiou com o apelido de tiréis. Pouco desenvolveu “fisicamente, seu q.i. se fixou pouco acima de zero.” (Tiréis é uma palavra que fás parte do folclore de nossa gente e se refere à comida, bóia ou rango) como queiram.

Mas apesar de tanta carência Tiréis tinha um grande sonho, o inconcebível desejo de voar. Não em um avião, dirigível, ou um balão qualquer. Queria voar igual a um pássaro planando nas alturas, lá bem no alto passando as mãos pelas plumas brancas e desfazendo o amontoado de nuvens, que parecia o algodão preparado pela mãe, de quem tinha uma única lembrança, ao vê-la sentada em sua roca, com uma daquelas plumas brancas transformando em linha.

Quem sabe não poderia ver seu rosto atrás de alguma gigantesca nuvem. Já estava adulto quando sentiu que o sonho que acalentava poderia se concretizar. Subiu em uma grande e centenária árvore, bem próxima ao grupo escolar e gritou pela professora que no momento lecionava: -- ÔOOHHH dona Geraldaaaá! – O que há Belmiro? Respondeu ela – Eu vô avuhá!-Que isso meu filho desça daí! Você se arrebenta! –Não... Eu bato asas! -Que asas, você não tem asas! -Naquele momento ele se projetou batendo os braços tentando alçar vôu, estourou o peito no chão. A professora e os alunos correram a socorrê-lo... Voltando o sentido sua primeira reação: - Ai ai hai dona Geralda! – Eu não disse filho! –Tamém fui bôbo demais... Da próxima vez vou amarrá um bocado de pena nos braços e assim eu consigo! –Da próxima vez tu vais é morrer seu besta! Afirmou um dos alunos!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 05/06/2010
Reeditado em 13/06/2010
Código do texto: T2301312
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