Calmante nada recomendável

Tudo aconteceu porque o Juarez atrasou- Dinovo! – a pensão das crianças.

A Margot ligou uma, duas, uma porrada de vezes e , nas poucas que o ex atendeu, prometeu depositar a grana” sem falta até a tarde.”

Mas, me digam, depositou mermo? Rarara! E foi por isso, pela derrapada contábil, que ela decidiu pegar em mãos a mixaria. Inda mais com a luz em vias de ser cortada por falta de pagamento.

9 da matina pegou uma mototaxi e vruuum para a fonte pagadora.

O Juarez tocava um pequeno comércio na Vila Diretas Já, bem ali na confluência da Garrastazu com a Figueiredo. Bazarzinho tipo 1,99, mas que também vendia gás, doces, badulaques e afins diversos. É, isso que estão pensando também, diziam as más línguas, porém nada comprovado pelos homi. E era sócio do Ticão no ramo de carretos e mudanças numa caminhonete ano 90, financiada em sei lá quantas parcelas, divididas meio a meio.

Enfim, um cara trabalhador pra caramba! Talvez por isso a separação, que a Margot não era muito chegada num trampo não.

Morava nos fundos do comércio, numa edícula 3 cômodos. Quartosalacozinha.E banheiro, é claro, que não era nenhum anjo desgarrado.

Bazar fechado, a Margot adentrou corredor afora, “esse vagabundo deve estar dormindo” na cabeça quando ouviu o ruído estranho, vindo de dentro da casa. Uma espécie de hummp hummpt bem baixinho.

O certo seria bater na porta. Esperar quem de dentro atender. Mas ex sempre acha que ainda é dona da bagaça, inda mais a Margot, e Prucutum! Invadiu o campo.

Nada de diferente na sala! Nada de diferente na cozinha. Abriu a porta do quarto.

Que se pode encontrar no quarto dum sujeito separado da mulher, com negócio próprio e prosperando dia a dia?

O carinha dormindoroncandobabando. Alguma vagaba pelada. Mais de uma. Etc. Etc.Eticétera.

Porém o que a Margot viu, superou todas essas conjecturas.

Tava lá o Juarez de quatro e o Ticão mandando ver no rabicó dele.

Ela parada na porta, estupefata com a cena mezzo dantesca, mezzo idílica, só após alguns segundos parecendo eternos, murmurou:

- Quié isso? Quiquitá acontecendo?

Complicado responder, né?

Vocês, leitores do sexo masculino, esqueçam um titiquinho suas machesas de lado, se imaginem numa situação escabrosa dessas e respondam sinceramente pra mim: RESPONDER O QUE ?

Pois o Juarez achou! E saindo da posição , digamos, supercomprometedora, tascou em resposta:

- Viu o que sou obrigado a fazer de tanto você me deixar nervoso?

Se a Margot acreditou ninguém sabe, ninguém viu. O que se sabe é que o Juarez, não sendo um viado em tempo integral – volta e meia rangava uma ou outra fulana pelai – não agüentou as gozações( que é lógico que a ex espalhou pra quem quisesse ouvir o flagra) e se mudou de mala e cuia para Bauru. O que faz ou não faz lá, ninguém descobriu ainda.

E cá em Bitinga City, depois do fato ,nas rodas de caxeta ou nas conversas botequineira, se algum neguinho se irrita por alguma coisa e expressa o mau humor de maneira ostensiva, e alguém fala algo sobre “estar nervoso”, não tem quem não responda na lata:

- Nervoso? EU? Magina! – e em seguida: - No máximo tô irritado!

É que com o Ticão e seu calmante de 23 cm solteiros e à solta por aí, o negócio é não facilitar.