O Super-inédito

Bem que eu imaginava!

Porque não tenho nada a ver com meus irmãos ou irmãs. Sou mais alto, mais inteligente, mais bem-humorado, mais humilde. Aliás, tenho orgulho em dizer que sou a pessoa mais humilde deste mundo. Fosse humildade um quesito classificatório, estaria no Guiness, mole, mole.

Vão me dizer vocês que estão lendo este texto, que nunca passou pelas suas cabeças não serem filhos ou filhas de seus pais?

As vezes me peguei imaginando minha verdadeira mãe – alguma top model do passado – vindo me buscar porque finalmente meu pai desistiu de formular suas teorias à respeito das cordas espaciais e viagens no tempo e tentariam viver maritalmente.

Esta semana minhas suspeitas se confirmaram!

Não! Não sou o filho espúrio do Eisntein com a Rita Haywort, não! A realidade e mais estranha ainda. Muito mais Arquivo X que Dallas. Descobri que sou um alien!

KKKKK sua mãe!

Uma semana inteira de dores na coluna, fui ao médico. Que pediu exame de sangue, de urina, ressonancia magnética e raio X. Saí do consultório pensando se a batelada seria pela consulta ser pelo IAMSPE e um tanto aliviado. Afinal de contas o doutor não havia pedido espermograma nem tentou me dedar prostatianamente.

5 dias depois retornei. Sangue normal, urina boa( deve ser porque tomo minas cervas religiosamente), sem a ressonância – que não fazem aqui, só em Bauru e muito cara no particular e a fotografia interna, de frente, costas e de ladinho.

O Dr. Custódio embatucou no raio X.

- Alguma coisa errada? – perguntei.

- Não. Nada de anormal. Mas o senhor sabia – e indicou o pé da coluna vertebral na foto com o dedo – que tem uma vértebra a mais?

- Como?

- Isso mesmo! – e mostrando na radiografia: - Está vendo essa sombra do lado direito? “Via” – Pois então, essa é sua vértebra adicional.

- Por isso dói?

- Não tem nada a ver. A dor vem da compressão das vértebras da base da coluna.

Quando perguntei se era uma anomalia, riu. Riu e explicou que algumas pessoas nascem, digamos assim, levemente diferenciadas das demais. Tipo orelhas semicoladas. 6 dedos nos pés ou nas mãos, pênis acima ou abaixo da média, e etc, etc, etc . . . mas não me convenceu nem um pouquinho.

Tenho certeza absoluta que sou um alienígena!

Raciocinem comigo: a maior parte das aparições de discos voadores no Brasil aconteceram entre as décadas 50 e 60. Nasci em 53.

O doutor garantiu que pessoas normais tem esse tipo de diferenciação( estou usando o termo dele), mas me digam : a Daniela Cicarelli com seus 6 dedos no pé, aquele bocão, aqueles olhos verdes enormes parecendo dois faróis, que se casa com o Fenômeno( outro carinha estranho com aqueles dentões a la Mônica)num castelo medieval gastando horrores e menos de dois meses depois mete-lhe o pé na bunda sem dó nem piedade, é ou não é uma ET? AHN? AHN?

Na cara que algum casal alienígena me esqueceu aqui na Terra e fui criado pelo seu Waldemar e Dona Júlia. Outra coisa, fui um filho temporão. Minha mãe tinha 49 anos quando engravidou. Será que em 53 tinha essas técnicas de hoje para as mulheres engravidarem quando velhas?

Agora só falta descobrir que poder possuo. Que todo alien que se preze tem um. O ET acendia a ponta dos dedos. O Superman voava. O Surfista Prateado atravessava o espaço sideral na sua prancha. E olha que estou falando dos heróis! For computar os vilões. . .

Poder mental tenho não! Quase fiquei zarolho tentando acender um cigarro com a força do pensamento. Voar também não. Quebrei um braço e me lasquei todo pulando do telhado. Já me cadastrei no Mercado Livre ver se compro uma prancha igual do Surfista mas até agora tive oferta nenhuma.

Só se meu poder for – tomara que não – o do ineditismo.

Que faz tanto tempo que escrevo essas baboseiras e publico na Net, nos jornais daqui de perto, nos de longe e sou conhecido por quem? Uma meia dúzia de gatos-leitores pingados.

Só faltava ser o Super-Inédito!

Esse não quero ser não!