Idílio Caipira
Levantei o zóio pra cima e
Lá tava ele de zóio grudado ne mim.
Foi zóio no zóio,
ele ni mim, eu nele.
Ele sirriu pra mim
Eu sirri pra ele.
Os dentes dele era tão branco
Que parecia um sapato acabado
De pintar de arvaiáde.
Me chamou pra dançar.
Eu dancei cum ele,
Tudo bem agarradim.
Cumbinemo tudo ali,
Quando acabemo a dança,
fomo fazer o combinado.
Zé pra casa dele
E eu pra minha.
Quando cheguei, Zeca, meu marido,
Drumia que só um porco.
Garrei uma fronha,
Botei meus troço dentro
E fiquei esperando o dia cumeçar a crarear.
Quando começou, dei a última
Oiada no Zeca.
Saí correndo até o pé de Juá.
Cheguei lá, tava ele me esperando.
Fumo logo dando um abraço,
Daquele de quebrar osso.
Quando oiemo pra trás,
Vinha Zeca, meu marrido e Mariazinha,
mué dele,
correndo atrai de nóis
cada quar de pedra, paus nas mão.
Corri prum lado,
Zé correu pro outro.
Eu corria, corria, corria, parava
Oiava pra cima, nada, o sol continuava no mesmo lugar
De novo eu corria, corria, corria
Oiava o sol lá quietinha,
Barriga roncando.
Me animei, corri, corri, corri
Já não guetava mais
Oiei pra cima, o sol no meinho
Oiei pra baixo não vi nada.
Mei dia.
Barriga roncando.
Amô de home e muié!
Presta não.