Idílio Caipira

Levantei o zóio pra cima e

Lá tava ele de zóio grudado ne mim.

Foi zóio no zóio,

ele ni mim, eu nele.

Ele sirriu pra mim

Eu sirri pra ele.

Os dentes dele era tão branco

Que parecia um sapato acabado

De pintar de arvaiáde.

Me chamou pra dançar.

Eu dancei cum ele,

Tudo bem agarradim.

Cumbinemo tudo ali,

Quando acabemo a dança,

fomo fazer o combinado.

Zé pra casa dele

E eu pra minha.

Quando cheguei, Zeca, meu marido,

Drumia que só um porco.

Garrei uma fronha,

Botei meus troço dentro

E fiquei esperando o dia cumeçar a crarear.

Quando começou, dei a última

Oiada no Zeca.

Saí correndo até o pé de Juá.

Cheguei lá, tava ele me esperando.

Fumo logo dando um abraço,

Daquele de quebrar osso.

Quando oiemo pra trás,

Vinha Zeca, meu marrido e Mariazinha,

mué dele,

correndo atrai de nóis

cada quar de pedra, paus nas mão.

Corri prum lado,

Zé correu pro outro.

Eu corria, corria, corria, parava

Oiava pra cima, nada, o sol continuava no mesmo lugar

De novo eu corria, corria, corria

Oiava o sol lá quietinha,

Barriga roncando.

Me animei, corri, corri, corri

Já não guetava mais

Oiei pra cima, o sol no meinho

Oiei pra baixo não vi nada.

Mei dia.

Barriga roncando.

Amô de home e muié!

Presta não.

Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 26/04/2011
Código do texto: T2931723
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