Homofobia pura e simples

A gente tava jogando uma caxetinha na calçada, fora do bar, quando entrou duas bichinhas todas sacolejantes. O Célião só assuntando, sem falar nada. Mas eu sabia que vinha buxa. Ele não perde uma. . .

Entraram, pediram uma Fanta uva, dois copos, ca nu di nhos e ficaram ali, naquela frescura característica.

Foi quando o Celião começou a falar mal:

- Fala a verdade Nickinho! O raça! E ce viu como tá aumentando? E que esse trem não procria! Procriasse a gente tava fu. . .

E falou tanto, mas tanto que uma das criticadas não resistiu. Largou o copo de refri no balcão, se achegou perto da gente e, mãozinha na cintura, boquejou:

- O senhor sabia que isso é preconceito? E dá cadeia se a gente der queixa?

- Sei, é claro!

- E porque então fica falando mal ?

- Porque não gosto de viadice!

- Afinal de contas o que tem contra a gente?

Nessa hora eu pensei que o Celião tinha sido tirado fora da jogada. Mas que nada! Retrucou:

- Eu tenho um murro armazenado faz doze anos no braço direito e to doido pra desarmazenar ele hoje! Posso?

É lógico que acabou a conversa ali mesmo, né.