FUNERAL

"Nos momentos mais difíceis ela me apoiou. Quando eu mais precisei, ela sempre me ajudou. Sempre foi companheira. Compartilhamos muita coisa juntos. Ela me conhecia muito e sabia do meu potencial, principalmente no futebol. Lembro como se fosse hoje, das várias vezes que subimos numa goiabeira e passamos a tarde inteira. Surpreendidos, descemos com muita pressa e ela se acidentou. Ah!... Por quê meu Deus fui correr naquele dia, justamente naquela hora, porque fui salvar aquele gatinho burro parado na avenida fazendo as contas de quantas vidas perdera? Por quê? Nesse dia eu a perdi. Se ela foi atropelada, tenho plena convicção que a culpa foi minha. Hoje, assim, aleijado, sinto muita falta dela. E a amei desde a primeira vez que a vi. Foi por isso, convidei todos vocês, meus amigos, para prestarem a última homenagem a esta amiga de todas as horas... talvez vocês pensem que tenho raiva do médico. Garanto que não. Ele fez o que tinha que tinha de ser feito. Se não fosse a gangrena, ela ainda estaria aqui. Talvez alguns me achem maluco, pouco importa, ela sabe que era minha e eu era dela."

Todos bateram palmas. E um caixão de ouro, próprio para bebês, desceu lentamente. Contudo, dentro não havia um bebê, havia uma perna.

Anderson Sant Anna Teinassis
Enviado por Anderson Sant Anna Teinassis em 12/03/2008
Código do texto: T897912