“REMINISCÊNCIAS MORNAS” - NOTA DO EDITOR
 
 
     Quantas vezes temos dificuldades em nos expressar, sobre tudo nossos sentimentos? Não achamos as palavras certas, os ouvidos certos, o momento certo. É comum pensarem uma coisa da gente quando, na verdade, sentimos exatamente o contrário. Quantas vezes somos injustiçados! Nessas ocasiões, apenas a poesia nos socorre.
     Contudo, não basta querer se valer da poesia para encontrar um canal de comunicação com o mundo. É preciso saber, é preciso ter talento. E isto Lídia Albuquerque tem.
     Recentemente o destino aplicou-lhe um golpe duríssimo, que teria derrubado muitas outras mulheres. Lídia chegou a dobrar um joelho. No entanto, forte, acostumada a lutar, ela reuniu forças para enfrentar a Esquálida, que levou seu grande amor e diverte-se vendo-a sofrer. Mas Lídia tem uma arma potente nas mãos: a poesia!
     Ainda girando, tonta pela força da pancada, ela se agarrou às palavras escritas para se manter à superfície da vida e voltar a levantar a cabeça, a mirar o horizonte, a encontrar o céu acima de si. Um horizonte mais pálido e um céu mais indiferente, porém, pontos referenciais.
     Com o talento de outras memoráveis poetisas do Nordeste, Lídia transmite fielmente ao leitor suas dores, sua vida, seus momentos... Com maestria, ela nos faz ver cenas que apenas seus olhos viram, como o elegante relógio de pulso que o marido escondia na gaveta para usar somente em ocasiões especiais, as ferramentas da fazenda do sogro, o fio de cabelo ainda agarrado à escova...
     Para ela, suas reminiscências ainda são mornas, mas queimam em nossos dedos.
 
 
 
(Paulo França)
Lidia Albuquerque
Enviado por Lidia Albuquerque em 08/12/2008
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