500 agradecimentos

Wilson Correia*

A história da origem da expressão “São outros quinhentos” tem várias versões. Alguns entendem que ela nasceu em Portugal, séculos atrás. Lá, quando alguém da alta sociedade se sentia ofendido, ele se via no direito de pedir reparação. Paga a multa de 500 pratas e o autor da ofensa caía em reincidência, então o ofendido determinava: “Agora, são outros quinhentos”.

Uma segunda versão garante que a frase “São outros quinhentos” deriva da tentativa de se traduzir a expressão em inglês “That is another story”, no que é contestada por quem entende que a frase correta é a francesa: “C’est un autre paire de manches”. Tentativa válida!

Uma outra versão, ainda, menos erudita, dá conta de que essa expressão se originou quando um vigário depositou quinhentas pratas sob os cuidados de um vigarista interiorano, do qual, quando foi receber de volta o depósito, o que ele recebeu foi a negativa por parte do espertalhão. Como do lado do padre havia uma beata, a qual sabia que o vigarista jamais devolveria a quantia ao religioso, a qual amava mais ao vigário do que a si mesma, tratou de dizer ao cura que ele estava enganado, porque, em verdade, em verdade, a quantia do representante de Deus na Terra havia ficado bem guardadinha na bolsa beatificada dela, a beata. Ao que o padre, cheio de contos pra contar, cunhou a famosérrima frase ao dizer: “Senhora, com este vigarista eu deixei, sim, quinhentas pratas, e quero uma a uma de volta ao meu cofre. Quanto ao que a senhora diz, esses são outros quinhentos”. Dizem: para que não viessem a ser excomungados, nem queimados pelo fogo do inferno, ambos os cobrados ajeitaram milinho pro vigário. Por isso, hoje a expressão é utilizada quando queremos acentuar que “Uma coisa é uma coisa e que outra coisa é outra coisa”.

Aliás, uma última e mais fidedigna versão, registrada na Biblioteca Nacional e no Escritório de Direitos Autorais, tudo lá no Rio de Janeiro, ensina-nos que a expressão “São outros quinhentos” nasceu mesmo foi lá em Brasília. Seguinte: Um politiqueiro cobrava de outro politiqueiro a parte que cabia ao primeiro nas falcatruas brasilienses cumpliciadamente praticadas por ambos. Quando o cobrador ouviu que “A parte do dinheiro destinada à construção daquela ponte que nós NÃO fizemos já foi para sua conta”, ele teria respondido: “Sim, o da ponte eu sei. Estou me referindo à parte daquela escola e daquele hospital para os quais o dinheiro nos foi destinado, cujas construções nós também NÃO fizemos e que ficamos de proceder à partilha da grana. Como vê, meu caro, estou me referindo a outros quinhentos”. Dizem que em Brasília esse valor aí não era de apenas quinhentos reais não, mas de milhares de reais. Aliás, consta dos autos do processo sobre o caso que, de fato, o valor aí em discussão entre os dois “polantras” (político + pilantra), e em flagrante desvio, era de quinhentos milhões de reais. Por conta desse escândalo, a expressão “São outros quinhentos” se popularizou de tal modo que até eu estou aqui a digitar um texto sobre ela.

Mas, como já percebeu, estou a falar de “Outros quinhentos”: este é meu texto de número 500. Foram quinhentas tentativas de transmissão de algum pensamento, de alguma idéia, de algum conceito que pudesse nos fazer pensar. Tomara que essas 500 tentativas não tenham sido em vão. A contar pela interação constante com os habitantes do universo Recanto das Letras que eles me possibilitam, não foram mesmo. Por isso, muito obrigado a tod@s.

De agora em diante, vou postar mais espaçadamente. Talvez, um texto a cada oito dias. Vou ver se consigo. Espero que sim. E espero continuar contando com o aprendizado mútuo, com o incentivo e apoio que @s car@s amig@s recantistas sempre me ofereceram. Com essa força, espero repetir o registro, mas, aí, já serão, literalmente, outros quinhentos.

Quinhentos agradecimentos a tod@s! 500 abraços!

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*Wilson Correia é filósofo, psicopedagogo e doutor em Educação pela Unicamp e Adjunto em Filosofia da Educação na Universidade Federal do Tocantins. É autor de ‘TCC não é um bicho-de-sete-cabeças’. Rio de Janeiro: Ciência Moderna: 2009. Endereço eletrônico: wilfc2002@yahoo.com.br