A amizade possível
Já cometi erros impagáveis.
Fui perdoado? Nem sempre!
Já erraram imperdoavelmente comigo.
Perdoei? Sim e não.
Nunca soube se esse sim e esse não
foram compreendidos.
Tentei correr de pessoas que estavam
dentro de mim. Fracassei!
Tentei abraçar pessoas morando em
mim. Fracassei outra vez.
Naquelas em quem estive, não me
reconheci. Desencontrei...
Naqueles nos quais não me via,
dei de cara com o que sou.
Ah... não! Ninguém precisa mesmo
ser insubstituível. E ninguém é.
Pessoas só precisam existir,
marcar, povoar, estar, aparecer...
Por isso, faço-me intensidade
justo porque o contrário
é o morno, o frio e o vão.
Mas já gelei em esquecimentos
e não esqueci por devoção.
Pessoas são mesmo imprevisíveis:
Tem aquelas que incrustam,
cravam, ficam... eternas!
Tem aqueles que raleiam,
não significam nada, porque
nada as fizeram querer.
Àqueles em mim, o abraço,
e que a vida seja comunhão.
Àqueles no mundo, o espaço, e
que a liberdade seja nosso chão.
Essa a única amizade possível,
que é bem, felicidade... a solução.