AULA DE TEOLOGIA.

AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

[Terceira aula].

A Bíblia narra em seguida a vida de Abraão. [Figura patriarcal]. Dele nasceu Isac e Jacó. [Visão trinitária]. De Jacó nasceram as doze tribos de Israel. Israel é o nome de Jacó, pois, toda personagem que é escolhida por Deus para uma missão importante,[Oficial], seu nome é trocado. O de Abrão se tornou Abraão, quando, na sua velhice e sua esposa estéril deu à luz o seu filho Isac. O relato que lemos que Deus encontrou-se com Abraão e lhe exigiu uma prova de fé e confiança Nele, pegando o seu único filho [simbologia de Jesus, o filho unigênito, primogênito se oferecendo em holocausto] a oferecer em holocausto. Ele, Abraão, obedeceu-lhe, pegou o filho e o colocou no altar da imolação para matá-lo. Quando ouviu a voz de Deus lhe impedindo para não imolar o seu filho Isac. Lemos esse relato no livro dos Gênesis [Gen 13, 16; 15, 5.]. Não podemos ler esse relato ao pé da letra, pois, podemos até pensar que Deus não é amor e nem misericordioso. [Como pode o pai matar o filho?!]. Mas o relato tem um colorido histórico teológico. No livro dos Juízes (Jz 11, 29-40) [É bom que leia essa historio no livro dos Juízes], conta que um pai, por nome Jefté sacrificou a sua própria filha para ofertar a Deus. E havia, entre os povos pagãos, essa prática de sacrificar humanos em holocausto a seus deuses. [Povo politeístas]. Esse relato de Deus que pede a fidelidade e a fé de Abraão para com Ele, é um protesto contra esse tipo de ofertar o filho ou a filha em holocausto a Deus, [Ao povo hebreu que era monoteísta], pois, Deus impediu a Abraão para não fazer mal ao seu filho, porque Ele, Deus, mostra que o Deus de Abraão é o Deus da vida e não da morte. Explicando: Não foi verdade esse relato que Deus pediu a fidelidade de Abraão sacrificando o seu próprio filho. Foi uma forma de escrever etiologicamente para melhor compreender que Deus é o autor da vida e não da morte. É até perigoso ler esse relato e outros na Bíblia e querer fazer uma interpretação ao pé da letra. Jamais Deus testou Abraão a sua fé Nele. [Uma simbologia de um ser patriarcal do povo de Deus]. Deus é sapientíssimo, sabe de tudo. Não iria testar a fé de Abraão e nem de ninguém.

Há outro relato um pouco confuso e não se pode ser fundamentalista , isto é, lendo e entendendo ao pé da letra, ao interpretar esse relato, [são relatos difíceis de ser entendido por leigos], essa narração da mulher de Lot ter se transformado em uma estátua de pedra, porque desobedeceu ao anjo a não olhar para trás. Depois se segue a narração que Lot fugiu com suas duas filhas e delas gerou filhos. Houve um incesto. [Incesto é relação sexual entre sanguíneos]. Ao ler esse relato achamos um absurdo o pai ter relação sexual com as duas filhas. Não é a nossa cultura como também não o é do povo israelita, povo escolhido por Deus. A narração desse episódio está no livro dos Gênesis. ( Gn,19, 23-26). [é bom que leia essa narração]. “Esse capítulo fala na destruição de Sodoma e Gomorra, duas cidades onde era livre a prática da homossexualidade.” Sendo assim, essa prática é abominável aos olhos de Deus. (Lev. 18, 22). [Leia a narração]. “A região é betuminosa e tem reserva de gás natural”. Essa região é onde fica, hoje, o Mar Morto. Houve realmente um cataclismo à homossexualidade e que a Bíblia afirma ser castigo de Deus pela vida desregrada e pecaminosa daquele povo. Somente justo era Lot com suas duas filhas e a sua esposa. [Lot era sobrinho de Abraão]. Por isso o anjo foi buscá-lo e retirou-o de lá com sua família. Depois que houve esse episódio os hebreus por serem inimigos do povo “moabitas” e “amonitas” acrescentou essa narração colocando no texto aquilo que já era conhecido pelo povo como lenda, incluiu a história de seus antigos parentes que eram descendentes de um incesto do pai Lot com as duas filhas gerando aquele povo inimigo deles. [Nada disso aconteceu com Lot e sua mulher, bem como o incesto do pai com as filhas]. É um conto etiológico. Não poderá ser entendido ao pé da letra, mas como narração etiológica.

Há muitas passagens na Bíblia que são alegorias [Parábolas] e folclore; embora não deixam de ser ensinamentos pedagógicos, doutrinários e até mesmo litúrgico como sendo a palavra de Deus. Mas, na realidade, essa narração não houve realmente e não aconteceu que as filhas de Lot deram-lhe vinho e o embriagou para ter relação sexual com elas, bem como não é verdade a mulher de Lot tenha se transformado em uma estátua de pedra de sal. É um relato etiológico. Se achar que foi verdade temos um Deus castigador que, quem não o obedecer ele castigará, no caso de a mulher de Lot que virou uma estátua de pedra porque olhou para trás desobedecendo a ordem do anjo.

“Na região havia uma rocha de sal em forma humana, semelhante, por exemplo, a algumas das figuras de pedras [arenitos vermelhos] que existem no Paraná”. Lá existe uma lenda que aquela estátua de lá é a mulher de Lot. Lot, o pai dos moabitas e amonitas era sobrinho de Abraão. Portanto eles [moabitas e amonitas] eram parentes do povo israelitas, mas não se davam e viviam sempre em luta uns contra outros. Por isso criaram essa história de incesto. São contos populares.

Jacó é um dos filhos de Abraão que houve uma intriga com o seu irmão mais velho, Esaú. [Duas igrejas: a de Esaú e a de Jacó, depois a de Jacó venceu]. Esaú vendeu a sua primogenitura por um prato de lentilha. Depois se arrependeu e começou a perseguir o seu irmão Jacó. Jacó fugiu e no meio da estrada ele se encontrou com um homem e começou a lutar. Ao término da luta, Jacó pediu para o abençoar, pois, como diz o texto, estava lutando corpo a corpo com o próprio Deus. Ao lhe abençoar trocou o nome de Jacó para Israel, que significa o homem que lutou com o próprio Deus. Essa narração é etiológico-teológica. “A Bíblia usa muitas histórias religiosas que corriam na boca do povo tradicionalmente e as transmite dando-lhes, porém, base teológica. Essa é uma delas: Jacó luta com Deus e começa a vencê-lo; mas ao perceber que estava lutando com Deus, pede-lhe a bênção e pergunta-lhe o nome. O estranho lutador o abençoa, mas não diz quem ele é. Depois da luta, Jacó saiu mancando de uma perna”. A luta de Jacó não é com Deus, mas consigo mesmo. Contra as suas dúvidas, contra seu medo, sua covardia e sofre interiormente [psicologicamente] a falta de fé e de decisão. Ele luta para que ele seja forte como o seu pai Abraão. Aqui a narração dessa luta com Deus é genuinamente etiológica e teológica cheia de alegorias e midraxe. Não se pode interpretar ao pé da letra, mas fazendo a nossa própria história. Nós, quantas vezes lutamos dentro de nós mesmo para conhecer melhor o que Deus quer de nós: nos sofrimentos, nos nossos fracassos? Quantas vezes a gente tem dúvida de Deus e da vida eterna? Essa luta com Deus não é somente Jacó que teve, mas cada um de nós nas adversidades de nossa vida. Somos de barro, frágil, vulneráveis perante as adversidades da dura vida. Jacó mudou-se o nome para Israel, que significa: O homem que lutou com Deus. “Esse é o aspecto etiológico da narrativa: dá o motivo da causa. O aspecto teológico é a explicação do nome de Israel. Ambos os aspectos formam o núcleo da narrativa.” É essa a nossa própria história. [Estamos estudando teologia e não ouvindo catequese ou homilia].

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 30/05/2013
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