TRIGÉSIMA SÉTIMA AULA DE TEOLOGIA.

TRIGÉSIMA SÉTIMA AULA DE TEOLOGIA.

POR HONORATO RIBEIRO.

O Jesus de João é o Jesus que sabe de tudo. O Jesus com Deus, e Deus verdadeiro. Os evangelhos sinóticos afirmam que Jesus é o filho de Deus, não afirmam que ele é Deus. Também o Jesus dos sinóticos não sabe de nada o que iria acontecer com ele. Somente, depois, que João Batista foi assassinado por Herodes é que Jesus tomou uma posição do que iria acontecer com ele. Antes disso, não. Nem que seria condenado à morte de cruz. João relata no seu evangelho que Jesus é a sabedoria e Deus. Sendo Deus sabia de tudo. Sendo o pão descido do céu; a fonte de água viva. Ele o caminho, a verdade e a vida; é o: “Eu Sou” [confirmando ser Deus] a ressurreição e a vida eterna. Enfim, Jesus é Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Ele é o teologúmeno e o verdadeiro taumaturgo da humanidade. [Taumaturgo é o que opera milagre]. Somente Deus faz milagre. Para que haja milagre em alguma pessoa é preciso três estudos para ser comprovado. Primeiro por um doutor em teologia. Segundo por um formado em parapsicologia. Terceiro por um cientista médico. Porque o milagre está fora da natureza; superior à natureza. Terá que ser supra-normal; força de fora do mundo; fora do tempo. Somente Deus está fora de tudo isso. Nós estamos dentro do tempo, Deus, não. Quem criou o tempo foram os homens: Hoje, amanhã, o passado, o futuro, o peso e a medida; os meses, os anos a cronometragem, os números, tudo foi inventado pelo homem. O homem é o criador de tudo dentro do tempo. [Deus é criador de tudo fora do tempo]. Por isso a leitura da Bíblia, os que escreveram não são relatos aferíveis, tudo vem do alto e preparando a humanidade para o alto. [Reino dos céus]. Nada que Jesus ensinou é terrestre; tudo foi trazido do céu, [Projeto do Pai], por isso a gente tem dificuldade de entender e viver os seus ensinamentos que são mais espirituais do que corporais. Jesus ensinou as coisas do céu, por isso é difícil seguir o que ele nos ensinou, porque somos terrestres e amamos as coisas que é da terra; o que é tocável, o que vem do alto é muito difícil de ser vivido por ser invisível. [Fé é acreditar no invisível sem vê-lo]. Quando Jesus diz: “Eu sou o pão descido do céu” o verbo ser, verbo de ligação, exige o predicativo, nesse caso o pão o é. [Usou-se uma alegoria].

Nos evangelhos sinóticos lemos que Jesus nasceu em Belém. João começa o seu evangelho apresentando Jesus adulto e que ele nasceu do Pai. Ele veio descido do céu e se tornou carne para resgatar o que a humanidade tinha perdido. [A humanidade, Adão e Eva criaram a morte]. Por isso é que Jesus disse que ele dá vida eterna e que veio do Pai; desceu do céu e se encarnou. [Jo. 7, 28-30]. Nós também afirmamos que Jesus nasceu em Belém; as catequistas e nas homilias afirmam que Jesus nasceu em Belém numa manjedoura. [Homilia e catecismo]. Mas o evangelista João afirma categoricamente que Jesus veio do céu; Ele nasceu do Pai antes de todos os séculos e não da terra ou poder do homem. Ele não é daqui, pois ele é Deus; sendo Deus sempre existiu antes de todos os séculos: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. [Gn 1, 26]. O verbo está no plural: “Façamos”. Aí está a teologia trinitária, que somente João relata em seu evangelho. Jesus, o Cristo, o Emanuel nasceu do Pai, veio do Pai e permaneceu no Pai e realizou as obras com o Pai. E entre o Filho e o Pai está presente o Espírito Santo a união trinitária num único Deus. [monoteísmo].

Paulo na suas epístolas não narra sobre a Trindade. E nem afirma que Jesus é Deus. Nenhum possui uma alta e difícil teologia como a de João evangelista. Foi o único e derradeiro a escrever o seu evangelho.

Com esse relato aprendemos que Jesus Cristo nasceu do alto; nasceu do Pai e não em Belém. Muitos exegéticos e historiadores afirmam que Jesus nasceu nas redondezas de Nazaré. Por isso ele é chamado de Jesus de Nazaré. [Jo 1, 4] Os sinóticos afirmam que ele nasceu em Belém por que Davi foi sepultado lá e Jesus seria o descendente de Davi, Mas o evangelho de João não diz; faz uma alta teologia afirmando que Jesus nasceu do Pai e se encarnou no seio de Maria e se fez homem. Com esse relato, não tira e nem elimina que Jesus nasceu e procedeu do Pai antes de todos os séculos. Como não tira ou nega que ele nasceu de Maria como ser homem. O nascimento em Belém é a história revelada para afirmar que o Cristo nasceria em Belém como o rei Davi. Mas outros protestavam: “É acaso da Galileia que há de vir o Cristo? Não diz as escritura: O Cristo há de vir da família de Davi e da aldeia de Belém, onde vivia Davi?”[Jo 7, 41-42]. Há uma alta teologia de João em se apresentar: Jesus terrestre, antes da ressurreição e Jesus celeste após a ressurreição. Aqui o Cristo se encarnou em Jesus. O Jesus terrestre não sabia de nada sobre a sua ressurreição. Mas o celeste, após a ressurreição e ascensão sabe de tudo. Ele é Onipresente.

Todo o relato que contém na Bíblia é de gênero literário teológico e etnológico, pois é estudo de Deus. Teo=Deus. Logia=estudo. Quem estuda teologia está se aprofundando e entendendo quem é Deus. Deus não é o ontem e nem o amanhã, mas o “Agora”. Por isso, para entender a leitura da Bíblia e o que narra nela, terá que estudar teologia primitiva, isto é, a que nasceu com Jesus Cristo e os apóstolos. Também conhecer da historicidade de Jesus, a cristologia. Evidentemente que o estudo da teologia progrediu e se evoluiu; a teologia de cem anos atrás não é a mesma da de hoje do século XX e XXI. Jesus sendo Deus o é Onipresente. Maria e os santos não os são, pois, não são Deus.

No mundo cristão, e não cristão, contam que um dos discípulos de Jesus Cristo O traiu vendendo por trinta moedas de prata. Não digo que seria uma traição, pois, traição é um golpe de derrubar alguém e ganhar vantagem se promovendo. No caso de Judas, ele foi enganado pela sua ganância do dinheiro e, também, de ter pensado que o seu Mestre seria o rei como Davi, para libertar o povo judeu da escravidão do domínio do poderoso chefe político César, rei de Roma. Então ele, Judas, renegou ao Mestre, que é diferente de traição. [Relato para uma homilia, mas não como teologia]. Quando ele se sentiu que se enganou com ideia de que o Mestre seria um forte político, para derrubar o poder romano, ele se arrependeu e foi desfazer-se do negócio. Quem trai alguém não se arrepende, pois, recebe apoio dos rivais com grandes privilégios e tem lugar importante entre os que queriam destruir o homem que trouxera novas ideias de um novo Reino: “O Reino dos céus”. Mas Jesus Cristo veio resgatar Israel dos erros que cometeram os primeiros viventes, dando-lhes um novo “Mandamento do amor”; não aboliu a Lei dos profetas, mas interpretou com uma nova ideia de valores que é o Reino de Deus, destruindo as tradições e o fanatismo religioso dos religiosos dizendo: “Amai a Deus sobre todas as coisas, este é o primeiro mandamento, e o outro é semelhante a esse: “Amai o próximo como a ti mesmo.” “Aí está a Lei e os profetas”. Não entenderam a sua mensagem e, por isso, O condenaram à morte mais bárbara: a de cruz. Achando que estavam defendendo a lei mosaica, a de Javé; e a doutrina e ensinamento de Jesus era doutrina contrária a de Moisés.

Bem, agora, conforme os exegetas, vamos explicar teologicamente quem é Judas Iscariotes. Esse nome de Iscariotes não se encontra nome de cidade nenhuma do povo de Israel e nem tampouco sobrenome ou nome. O nome Judas existe, mas Iscariotes, não. Não se sabe a etimologia da palavra Iscariotes. Talvez o relator quisesse apontar Judas um dos filhos de Jacó ou o citado no livro dos Macabeus. [Judeus é derivado de Judas].

Bem, agora citaremos o que diz a Bíblia sobre Judas. Mateus [27, 5-8] narra: Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e perguntou-lhes: “Que quereis dar-me e eu vo-lo entregarei.” Ajustaram com ele trinta moedas de prata. E desde aquele instante, procurava uma ocasião favorável para entregar Jesus.

Chegado a ocasião, Judas levou a Jesus uma multidão de gente armada de espadas e cacetes, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciões do povo. – multidão não se pode ler ao pé da letra, pois foram apenas alguns soldados e alguns dos religiosos - Certamente Judas O acompanhou. Mas, quando viu que eles iriam condenar o Mestre, cheio de remorso, foi devolver aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo-lhes: “Pequei, entregando o “sangue” de um justo”. Este foi o primeiro a afirmar que era o “sangue de um justo”. Judas reconheceu e confessou que Jesus era “justo”, isto é, não cometeu crime nenhum e nem tampouco cometeu pecado. Questionam os exegetas: “Como Judas entrou no Templo, onde estavam reunidos os príncipes dos sacerdotes e os anciões do povo reunidos em conselho para entregar Jesus à morte, pois era proibido entrar quem não era sacerdote? Somente eles, os religiosos podiam.” É um relato um pouco estranho de si compreender. É mais uma tradição do que mesmo fato acontecido. Esse relato foi feito nos anos 90 e Jesus já havia morrido a mais de 40 anos. Temos de compreender que o livro da Bíblia não é um livro de história científica e nem noticiário jornalístico. Aqui há de se crer que é um conto literário teológico que terá de fazer uma boa exegese para entender a mensagem do evangelho. É o que iremos explicar nessa linha exegética.

Quando Judas se arrependeu foi devolver o dinheiro aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo-lhes: “Pequei, entregando o sangue de um justo.” Responderam-lhe: “Que nos importa? Isso é lá contigo!” Ele jogou, então no templo, as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se. Os príncipes dos sacerdotes tomaram o dinheiro e disseram: “Não é permitido lançá-lo no tesouro sagrado, porque se trata de preço de sangue”. [Mt 27. 4-6]. Quem tinha maior valor, era o templo ou o sangue de um inocente? Se eles colocassem o dinheiro no tesouro do templo eles pecariam por estar profanando o templo; mas o mandamento que diz: “Não matarás”, eles, além de violarem os mandamentos, deram maior valor ao templo de que a Jesus. Condenar a Jesus à morte de cruz não houve nenhum remorso, e nem pecado nenhum conforme a Lei mosaica, mas seria pecado se lançasse as moedas no tesouro. Há muita gente, principalmente nos países capitalistas, que matam as pessoas por dinheiro. Não há remorso nenhum, pois, o dinheiro tem mais valor do que um ser humano. Bem, lendo os relatos nos evangelhos sobre Judas, os estudiosos psicólogos, psicanalistas, teólogos, exegetas, nenhum descobriu o comportamento de Judas o porquê de ter traído o seu Mestre. É uma grande incógnita, pois, até hoje nenhum desses sábios estudiosos do comportamento humano sabe explicar a causa de Judas ter negado o Mestre. É uma figura problemática e misteriosa. Somente João afirma no seu evangelho que ele era ladrão, pois sendo o responsável pelo dinheiro que doavam a Jesus, ele roubava. Mas isso não justifica e nem prova nada do comportamento psicológico e moral de Judas. [Misteriosa interpretando como histórico, mas não como teológico]. Essa figura é realmente misteriosa. Em outros capítulos explicaremos o que dizem os teólogos e exegetas num sentido real de uma pastoral. Não somente de Judas, mas de Pedro e Tomé. Estamos ensinando teologia e não homilia. Peço-lhe que imprima.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 07/07/2013
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