Vazio eterno, completo
As pessoas sempre pecam no quesito:
Dar valor ao que se tem.
Nunca o ser humano vai poder negar essa especialidade.
Somos todos ricos por dentro
E esta riqueza nos impulsiona ao egoísmo.
Desejos, vontades, não há outra força motriz para a humanidade,
Cada vez que se depara com aquilo que passou anos desejando
Olha para o lado e perde-se o sabor,
já não é tão importante, já não é tão necessário.
Rompe-se barreiras, beiram abismos
Para notar que o objeto de desejo não é tão interessante
Mas talvez aquele que está do outro lado do abismo...
Em se tratando de pessoas...
Pegamos com as duas mãos e sabemos que as temos,
Mas idealizamos, criamos, criticamos... legamos
Quanta vida perdemos perdendo!
E vem outra premissa:
O homem não dá valor ao que tem, enquanto tem...
O ser perfeito, aquele perfeito de um minuto atrás, já perdeu sua perfeição
Quando a força motriz se insere e atua.
Deixemos então...
Lá adiante percebe-se que a flor deixada à beira do abismo
Tinha melhor perfume que a das profundezas,
E que outros já se deliciam de seu perfume
Enquanto procuramos... e procuramos...
Perde-se o poder da volta
E ainda que seja possível
Muito se perde no trajeto
Tanto para flor quanto para o homem
Voltando este já está desgastado, cansado e quem sabe ferido
Tendo ficado sozinha, a flor, temeu...
Amargou de solidão, mas buscou.
E em outros encontrou o toque de vida que precisava
Mas e o homem?
Este custa a encontrar o toque de vida de que precisa
Para ele há sempre há algo mais
A sempre um buraco a ser preenchido
Ah sempre um caminho a ser percorrido
Ah sempre um suspiro
Ah sempre uma falta...