Espetáculo de todos os dias
A angústia é o vislumbrar biológico de que a esperança não vai nada bem.
Fruir o desespero desrespeita rispidamente a etiqueta urbana. É desagradável, além de profundamente cotidiano.
O homem moderno chora no banheiro, o pós-moderno lamenta o desencanto em seu delírio.
O esperto é um autômato indiferente.
O cinismo é a mais perfeita arte contemporânea, que consiste em converter o eu em personagem de sua própria hipocrisia para consigo mesmo, logicamente que em nome de um bem maior, por saber, o mundo que celebra a tragédia deste protagonista renegado.
-Bravo, bravo, bravo!
Diz a platéia convencida de seu frenesi, entretanto o cartaz da peça parece alertar alegoricamente.
- Espetáculo de hoje: a ascensão da insignificância.