E o Palhaço era eu ...

sem pinturas aparentes
sem sons estritentes
sem picadeiro, sem gente
sem aplausos
era um palhaço doente

dos furos da lona envelhecida
vê um mundo louco
na loucura da agonia
adormece a esperança
mas o sono, o bom companheiro
afasta-se cruelmente

rasga as cortinas do medo
vagueia entre tantos segredos
contempla  o espelho turvo
das águas, outrora volumosas
espera  os olhos que não o veem
encosta-se na escosta ribeirinha
aguarda, sem medidas,
os próximos acontecimentos

e o palhaço chora em silencio
ao raiar de um novo dia
11 de setembro
fadado a trágicos tormentos ?
incontinente, aves noturnas é sua companhia !

e ele, ainda chora, a rogar de um novo tempo !

o palhaço ?  era eu...
nesta noite de breu,
nesta noite de silencios !




  

  
Célia Matos
Enviado por Célia Matos em 11/09/2010
Código do texto: T2490993
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