Dores Minhas, Somente Nuas
Nada de amores sexuais, nunca mais.
Eu quero um alguém assim que seja só amor
Que se importe comigo e não um tanto faz
Que veja através dos meus olhos a minha seca dor
Que seja amigo no agora e no nunca mais.
Nada solidão acompanha por gozo e copos de vinho
E cobertores frios, ásperos feitos de linho
Sobre os corpos frigidos de uma relação morta
Que se estabelece calma entre eu você e a porta.
Nada de furor jovem a incensar a minha intrínseca
Mente leviana, poluída pelas cores de uma falso drama,
Que corre e se solta da pele como escama
Que na minha boca amarga seca.
Nada se ser assim tão insípido com essas juras
De amor tão pobre, sendo nisso um amante esnobe
E deixando de lado as azuis ternuras
Que do meu inútil coração escorre.
Nada mais desse vazio de se acostumar
Com as palavras meras que vem para afagar
A morte crua que a mim espera
Nessa penumbra morta desse tosco amar.