Vestígios
O teu passado mora na casa em que te abrigaste.
Por tanto tempo, que as cordas do cuco,
Que enferrujam as feias engrenagens,
Impedem que eu volte àquele minuto.
Eternizo teu cheiro na cama do metódico sexo.
Ainda restam teus fios de cabelo na toalha.
Secam os vestígios da lágrima solitária
No amassado lençol daquele amor sem nexo.
Guardo tuas lembranças como salvação.
Por elas vivo a cada momento...
Cego-me da absurda constatação,
A óbvia perda do nosso sentimento.
Troco a mesma chave que tu levaste,
Para impedir o improvável retorno,
Pois deixaste as sandálias como adorno,
Pisando nos passos que não deste.
Assim, vou vaga e esquecida na caminhada,
Da iludida vida e por ti abandonada,
Sem chão, sem pressa, sem canto
Que conceda afagar meu inútil pranto.
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VESTIGIOS
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