Estranho você.

(Poema para uma alma vadia)

Vera Sarres

Da maleta que eu levava,

aos pouquinhos fui tirando

uma coisa aqui, outra ali,

um dia sim, outro não.

Quando vi, estarreci.

Me dei conta: esvaziei,

tornei-me oca, em delírio,

e você virou fantasma.

Espectro de si mesmo,

um você que nunca existiu,

se fazendo (a) parecer

um tanto, ou quase ou nada.

Entretanto era um pouco

e era tudo e quase nada

pra quem não tinha naquele

instante, qualquer estrada.

12/01/2007