Aos avessos 

Há horas que brilha a chuva
Noutras o sol o olhar turva
Espinhos provocam atração 
E as rosas pura ostentação 

Sorrimos diante da morte
Choramos tamanha sorte 
Ódio a exibição do belo
Amor ao feio em desvelo 

A pobreza nos parece a cura
Enquanto engorda a fartura
A tristeza nos trás nostalgia
Não suportamos mais alegria

Despedimos da meta desejada
Veneramos a derrota alcançada
Há noites passadas em claro
Dias sonolentos em que paro

Vergo hipnotizado pelo avesso
Empino ao certo e já padeço
Eterna luta contra a vil razão 
Rendo aos delírios da paixão 

Kennedy Pimenta 🌶