Apenas um embrião confuso e inacabado.

(Intertexto com “com os ossos”, de Bruno Cattoni)

Antes que os sonhos virem cinza

eu busco o sentido da minha verdade

e percebo um ogro a minha espreita

uma escancarada boca ali no umbral

quiçá um buraco oco para escapulir

atravessar cortinas e Montes Sinais

enrosco um naco de mim, em óperas

mágicos instantes mórbidos e teatrais

algo de Pirandello em suas cenas.

E os faustos, fadas, também os magos

surgiram daquelas brumas de Avalon

trazidos por Rei Artur vívido, alado

eu corro para alcançá-lo, em vão

na época medieval dos tais castelos.

das chamas, das tochas nas pedras,

das grades de ferro dos mausoléus

tropeço na pedra pé-de-moleque.

estatelada ao chão, me resto, morta

Um medo de solidão então se alastra

e é neste instante que acordo e noto

que careço inerte da santa fé maldita,

estúpida, torpe, enleada e sem nexo,

algo que se crê, mas não se vê, se evita,

algo que me divide em muitas, agônica,

escracha os dois costumes, este monstro,

e que torna a atacar sedento e funesto

tal qual Lestat o belo sanguessuga.

Fujo pelas matas densas, no breu

me transporto para além-mar, um porto,

encontro e nos braços do Capitão Gancho,

alcanço o meu estado zen, desconhecido,

vagas recordações suspeitas e involuntárias

topo com minha alma aflita, inércia pedinte,

aporto aguardando este meu eu refeito

um quase hápax de mim se apossa

em fantasias, delírios, loucura e paz!