Daqui eu vejo o que não quero ver.
Daqui eu vejo sonhos e borboletas mortas
Vejo queimar no fogo desse inferno solitário,
Um coração vertendo as lágrimas de um otário,
Vejo queimar meu pobre coração incendiário.
Daqui de onde se vê sonhos e borboletas mortas
Vê-se também uma alma decrépita e amargurada
Uma amarga alma louca e desfigurada
Uma daquelas almas de qualquer história
Daquelas que já perderam toda a sua glória.
Daqui eu vejo as lagrimas tristes de um querubim
Com asas baixas e olhos fixos em sua taça de vinho
Com asas baixas e cobrindo o corpo de sua amada com linho.
Daqui de onde se vê as lagrima tristes de um querubim
Vê-se também a tortura insistente de um escravo
Tortura tal que me deixa escandalizadamente frustrado
Tortura tal que me lembra de mim.
Daqui eu vejo os olhos fundos e aterrados de uma mãe
E em seu colo vejo um cadáver deitado
E vejo atônito corpo ossudo e velho de tal triste mãe
Chorar e ninar freneticamente seu cadáver mutilado.
Daqui de onde se vê os olhos fundos e aterrados de uma mãe
Vê-se também alguém que desistiu de insistir em viver
Alguém que suas vísceras corajosamente arrancou
Cansando de por uma boba historia de amor sofrer.
Daqui eu vejo o ranger sinuoso dos seus dentes
Procurando sua próxima vitima inocente
Querendo dissipar esse seu veneno infectado
No corpo presente de quem você vem amado.
E daqui de onde eu vejo o ranger sinuoso dos seus dentes
Me conformo em vegetar nessa neblina espessa,
Me conformo em me tornar tranças dos planos de sua cabeça
Me conformo em ser um dos seus atos incongruentes.