Linhas Vazias

Eis no branco desse papel nada além de tinta,

Não ha sentimento, nem agonia e assim não a dor

Não há morte, também não a alegria que se sinta.

Eis no branco desse papel falso e trepido amor.

Eis nas linhas descompactuantes, um nada, vácuo

Caloroso e intimista, vão fundo e seco, nada arrasador.

Eis na tinta falha a desenhar o nada que aqui se encontra

Uma alma crua a contorcer-se e queimar em sua dor.

Eis nesse poema insólito, cavernoso e discutível,

A essência nua e calada de palavras não usadas,

A loucura desnorteada do ser que não tem chão sob si

A amargura, outrora a solidão e outrora chula podridão

Eis queimado e cravado sobre papel otário

Poema inútil, bobo e chinfrim

Dedos tolos untados em jasmim

Dedos tortos de qualquer reles usuário.

Eis aqui marcas fundas guardadas em relicário.

Santiago Belmont
Enviado por Santiago Belmont em 06/03/2008
Código do texto: T890355