Linhas Vazias
Eis no branco desse papel nada além de tinta,
Não ha sentimento, nem agonia e assim não a dor
Não há morte, também não a alegria que se sinta.
Eis no branco desse papel falso e trepido amor.
Eis nas linhas descompactuantes, um nada, vácuo
Caloroso e intimista, vão fundo e seco, nada arrasador.
Eis na tinta falha a desenhar o nada que aqui se encontra
Uma alma crua a contorcer-se e queimar em sua dor.
Eis nesse poema insólito, cavernoso e discutível,
A essência nua e calada de palavras não usadas,
A loucura desnorteada do ser que não tem chão sob si
A amargura, outrora a solidão e outrora chula podridão
Eis queimado e cravado sobre papel otário
Poema inútil, bobo e chinfrim
Dedos tolos untados em jasmim
Dedos tortos de qualquer reles usuário.
Eis aqui marcas fundas guardadas em relicário.