Um Rio em Minha Vida
Em solitários ermos, silenciosos
Donde os passos meus ecoam dolorosos
Nas folhas secas ao chão como tapete real
Sou apenas um andarilho perdido em pensamentos
Lamentos de uma vida fúlgida e lúgubre
Colho em meus olhos os primeiros raios da alvorada
E suspiro com uma agitação ao peito
A face enrugada a verter orvalhos pra terra
Ao lembrar de outros tempos
Que eram simples de mudar e até escolher
Não há mais frutos frescos nas árvores
Um vento frio sopra e agita a alma
E ao chão somente folhas, sementes velhas e ocas
Como tesouros que deixei pra trás
E nunca vigarão em consagração a história
Sem forças em minhas mãos trêmulas
Cubro meus olhos lacrimejantes
O caminho a seguir assusta e alivia
Um pensamento danoso segue em mente
Que me deixas quando me vejo
Nas águas de um rio que corre ao mar
Tal calma me encanta
Em seus murmúrios de sabedoria primordial
Um conforto pra esse tolo enrústido de sábio
Dúvidas e certezas são meras folhas miúdas
Perante as longas correntezas do rio que se renova
Não preciso mais de respostas
Então acompanho a risada silenciosa
Desse rio que corre ao mar que me aplaca
E dispersa de mim mesmo
Me sinto tão leve a beira de tal rio majestoso
Sento em meio a relva em contemplação
E o tempo não importa mais
Há um canto manso dos pássaros
E um sussurrar das árvores sem idades
Que me eleva ao um voo nirvânico
Num céu onírico de nuvens enigmáticas
Que tranquilidade emana de ti
Oh! rio sem nome
Conjuras em ti tudo
Segredos, mistérios com tal simplicidade
Que todo sábio se passa por tolo
Mas que consegui através de ti
Deixar as correntes do passado pra atrás finalmente
E encontrar o doce lar em que possas então descansar....