O Espírito do Tempo

Sinto, quando o tempo muda, uma tristeza

que se identifica com a própria natureza

e escurece também meu céu interior.

Nuvens que tudo cobrem num momento

e apagam todo o azul com o cinzento,

como o instante final de um grande amor.

Em mim as nuvens são os desenganos,

o fracasso e a derrota dos meus planos

de procurar, de algum modo, ser feliz,

e nessa estranha empatia com o tempo

cinza os dois, eu e o céu, somos exemplo

da pessimista previsão que eu sempre fiz.

Só que existe uma grande diferença

entre a chuva real, bem forte, intensa

que coroando a escuridão começa agora.

É que depois de certo tempo ela termina,

ao passo que esta tristeza, a minha sina,

continua, sem a intenção de ir embora.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 14/09/2011
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