Poesia Roubada

É assim, quando o sono é roubado

A poesia brota nos lábios e nos sufoca até não respirar

Poesia? Brotando dos lábios?

Dos lábios escorrem no papel e fazem os olhos inundar.

Calem a boca! Calem os dedos...

Ninguém quer te ouvir falar.

Poesia da madrugada nada tem a acrescentar.

Faz silencio, como a noite!

Fazer silencio, é noite sem luar.

Contenha-se... “É que não dá!”

Poesia que brota na madrugada

Faz o favor de silenciar,

O teu calar é como o meu...

Tem que ser forçado, tem que ser segurado para não escapar.

Afinal, o que poderia acrescentar.

Poesia escorrendo dos lábios, escapando entre os dedos

Poeta sofrendo por não saber falar.

Poeta sofrendo, poeta chorando com a poesia que não pode empunhar

Poesia arma do bem, mas que também pode matar...

Poesia que flui na noite, faz teu rio se aquietar

O coração já lateja no desejo de se mostrar...

Aquieta coração, não é hora de falar.

Enganoso é o coração, misteriosos são seus caminhos

Ninguém vai querer decifrar.

As palavras se arrumam sem o poeta poder controlar...

As palavras vão vindo, vão fluindo e ao poeta já parecem animar...

Só pode ser a poesia da madrugada,

Poesia que não deixa dormir...

Poesia que por si só quer falar, quer revelar, quer se entregar.

Espera poesia, os olhos já começam a marejar

Naquilo que o poeta não consegue expressar.

Tantas palavras tantos alfabetos e o poeta ainda não sabe falar.

Coração já vai palpitando

Os olhos já vão se derramando,

Os dedos não mais se aguentando

Porque o poeta precisa falar.

Fala tanto e só uma coisa deseja

Não querer mais poesiar...

Poesia utopia.

Poesia fantasia da vida do poeta que sempre o faz sangrar.

Espera! Poesia volte aqui quem mandou se amostrar...

Amostra de dor do poeta que calou por não saber falar.

Agora já era! Não quer mais parar.

Poesia no meio da noite,

Poesia no meio da madrugada

Guarda o segredo do poeta que queria morrer

Mas que desejou mais forte ainda ressuscitar!