O poeta e o mar
Oh mar, eu não vou me deixar levar
Eu não vou me embalar
Teus gracejos me chamam a versar
E os versos escapam do meu não falar,
Escapam por entre os meus cílios
Escapam por entre os meus dedos
Versos do pensamento meu que, sei, queres levar
Não adianta, seu mar, com teu brilho doce evocar
Com teu pôr do sol me encantar
Os meus versos não vou te dar
Não me venha com teu barco enfeitiçar
Não tenho palavras para rimar
Se as tuas ondas vierem me chamar
E se uma criança nas tuas curvas se agitar
Lamento, não conseguirá palavras doces de mim arrancar.
Oh tão doce mar, eu só quero descansar
Poesias não poderão me ajudar
Não há graça que me faça poetar
Nem onda que me possa embalar
Quero sem palavras eternamente ficar
Não há, mar...
Não há águas, nem criança
Barco ou veleiro
Que consigam arrancar
Esse pensamento poderoso que me faz discursar
Só há um jeito desta briga findar
Farei um escrito na areia para tua onda levar
Só este motivo me faria digitar
A insegurança da tua areia
É a segurança que estes versos irão
Para nunca mais voltar.
29/08/2014