DOIDO

DOIDO

Dizem que o poeta é um doido.

Ele oferece estrelas à sua amada!

As estrelas... pasmem! (Ele as ouve)

E sonha mesmo poder tocá-las... e dá-las!

Beija as paredes das casas de sua cidade

quando chega de longe, saudoso.

Brinca de pegar a lua com os dedos

como se não tivesse crescido,

como se ainda fosse lúdica criança.

Sobe num monte e fica lá imaginando

que acaricia as árvores de um bosque,

que toca o céu, as nuvens, Deus!

Abraça o vento, dança na chuva...

Feito louco... feito criança.

Gosta de se sentar à beira de um rio

e tocar com os pés a suas águas

como se estas pudessem, por eles, lavar

todas as impurezas do mundo.

Encanta-se com pássaros e com flores,

sustenta vidas, canta dores e amores.

Perguntaram-me uma vez:

- P'ra que serve o poeta?

Aliás, d'outra me disseram:

- A poesia é inútil!

- É utópica e alienante como a religião!

É... mas ao vivificar os sonhos

ou tornar a realidade mais nítida,

desperta nos céticos e pragmáticos

questões como sua própria essência

de forma contundente e profunda!

E assim, o poeta continua doido,

como ícone de esperança e consolo

em sua sina de amar a loucura.

Oh! doce loucura de ser livre

na alma e no pensamento!

Livre como pássaro cujas asas

são a expressão pura do sentimento.

Sem limites, sem fronteiras,

(pre)conceitos ou barreiras.

Doido... doido mesmo

Doido sempre, por amor!

Leopoldina, MG.

Balzac José Antônio Gama de Souza
Enviado por Balzac José Antônio Gama de Souza em 11/07/2007
Código do texto: T560881