DOIDO
DOIDO
Dizem que o poeta é um doido.
Ele oferece estrelas à sua amada!
As estrelas... pasmem! (Ele as ouve)
E sonha mesmo poder tocá-las... e dá-las!
Beija as paredes das casas de sua cidade
quando chega de longe, saudoso.
Brinca de pegar a lua com os dedos
como se não tivesse crescido,
como se ainda fosse lúdica criança.
Sobe num monte e fica lá imaginando
que acaricia as árvores de um bosque,
que toca o céu, as nuvens, Deus!
Abraça o vento, dança na chuva...
Feito louco... feito criança.
Gosta de se sentar à beira de um rio
e tocar com os pés a suas águas
como se estas pudessem, por eles, lavar
todas as impurezas do mundo.
Encanta-se com pássaros e com flores,
sustenta vidas, canta dores e amores.
Perguntaram-me uma vez:
- P'ra que serve o poeta?
Aliás, d'outra me disseram:
- A poesia é inútil!
- É utópica e alienante como a religião!
É... mas ao vivificar os sonhos
ou tornar a realidade mais nítida,
desperta nos céticos e pragmáticos
questões como sua própria essência
de forma contundente e profunda!
E assim, o poeta continua doido,
como ícone de esperança e consolo
em sua sina de amar a loucura.
Oh! doce loucura de ser livre
na alma e no pensamento!
Livre como pássaro cujas asas
são a expressão pura do sentimento.
Sem limites, sem fronteiras,
(pre)conceitos ou barreiras.
Doido... doido mesmo
Doido sempre, por amor!
Leopoldina, MG.