E JESUS ME FEZ POETA

Nas duas fases da minha vida sempre me distanciei da inexorabilidade: na época de agnóstico, por compreender a humanidade, a fragilidade do homem; como cristão, por compreender e ser beneficiário do Amor Ágape.

Em tempos acirrados e tendenciosos da política partidária, muitos se afastam e se digladiam, até entre fraternos (graças a Deus não é o meu caso, pois o meu amado irmão Sargento Ferreira e eu pensamos diferentes, mas discutimos tudo no campo das ideias, como pessoas civilizadas.).

Outro dia, alguém que não entendeu que Deus deixou o livre arbítrio para o homem, no campo espiritual, e que a Constituição Federal do Brasil garante a liberdade de pensamento, insistiu muito com os seus apelos apaixonados por um Brasil "purificado", sem índios, sem quilombolas, sem MSTs, sem pobres... segundo ele: "Sem essas nódoas que mancham a nossa pátria!"

Eu poderia tê-lo mandado pastar, mas fiz um acordo: - Não vamos repetir essa esquizofrenia de "esquerdopata" e "direitopata". Você faz as perguntas e eu respondo em poesia, está bem? E assim aconteceu!

Não direi o seu nome para não constrangê-lo, mas leiam o resultado abaixo:

“Não queres a ditadura

Da burguesia no ar?”

Eu respondo: criatura,

Só aprendi a amar!

“Queres higienizar

E matar os malfeitores?”

Eu respondo: por amar

Jesus sofreu tantas dores

“Não queres a tua igreja

Respeitada no poder?”

Respondo: essa peleja

Não vem do Divino Ser

“Não queres outro Brasil

Matando quem te afeta?”

Eu respondo: sou civil

E Jesus me fez poeta

“Tu não queres te livrar

Do sujeito diferente?”

Respondo: só sei amar

Sou poeta dessa gente

“Tu não queres extinguir

Essa gente do pecado?”

O meu Deus me faz convir:

Sou jambuzeiro enxertado

“Teremos um Brasil novo

Sem pobre pra nos cercar!”

Jesus ama esse povo

E me ensinou a amar

“Poeta, a tua palavra

Aqui não tem consistência!”

Vem de Deus, da Sua lavra

“Nem força, nem violência...”

“És a favor do aborto,

Oh, poeta solitário?”

Sou contra! Nada de morto!

No ventre, nem no calvário!

“E, aí, como é que fica

No dia da eleição?”

Eu: co’o Amor que edifica

Tu: co’a mortal munição