Migalhas
Migalhas
Aos cães que te dão amor,
as migalhas do que tu comes,
Indiferente aquele clamor no olhar
daquela súplica inocente
Te fartas de mundanos banquetes
Despreza o amigo presente
E então quando chegas
Tu cospes, tu chutas, bravejas
Tu negas o afago
Dêstarte, ao te vêr Chegar
Faz festa, abana o rabo
saltando em teus braços
Não tendes maior amigo
que este anjo de pelos,
que sofre ao te ver calado,
que morre por ti em segredo
Dispensa um só momento,
Tao logo eles partem,
de a eles o devido aconchego,
o devido valor
e nao somente as migalhas
do teu alimento e do teu amor,
os sobejos.
Faustino Poeta
29/11/2022 - quarta-feira - 20:56