Enfim...chorar !

Por que não vem, inspiração ingrata ?

Por que não mata , de uma vez

Essa errante sombra de aflição ?

E por que não encerra neste mundo frio

Mesmo que seja, um pequeno rio

De águas límpidas, portadoras de mais emoção ?

Ahh ! música terna, sonora e livre

Por que não revive cada centelha do que se foi ?

Por que não cai essa lágrima que brota

Tímida e fria, em agonia por entre tantos véus ?

Por mais que doa, nem mais perdoa

Tantas crises envelhecidas, entristecidas

levando por terra a fria guerra que nasceu para ficar.

Ohh ! anjos benditos, fazem-se infinitos

Velhos conflitos que hoje cismam em versejar

Voejem, planem livres, por sobre mim

E façam o fim da temível dor de agonizar

Pra que falar se nossos olhos se comunicam

Tão bem explicam as reticências de cada passo

Mas o que faço neste umbral, se o maior mal

É não poder entrar...me apossar de tudo que está lá

Bem protegido, por Deus ungido a esperar.

Agora sim... o que me resta

Após a festa de um coração aflito

Agora sim...

Deste conflito

Resta enfim, chorar !

Célia Matos
Enviado por Célia Matos em 17/05/2010
Código do texto: T2262869
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