Efeito Social

Um vagabundo como eu

jamais irá se casar

não tenho nada de meu

nem a mim posso sustentar

Um cara louco como eu

ninguém jamais confiará

quem botava fé já morreu

e igual a ele, não mais existirá

Já fui um cara certinho

mas desandei a bagunçar

bebo cedo o meu copinho

e alguns bagulhos a cheirar

Tive uma gata maneira

que dizia estar me amando

mas eu plantei bobeira

e peguei a safada transando

Por vários colégios já passei

nunca curti estudar

nesse lance nunca me amarrei

mandava todo mundo se ferrar

Eu vivo tudo de uma vez

da morte não vou escapar

pode ser hoje,amanhã, a um mês

um dia desses ela vem me buscar

Acha que vou ficar entristecido?

nada mais tenho a ganhar

nunca entendi o acontecido

de nesta vida eu estar

Sei que vim por mera casualidade

e que não houve festa na chegada

sou fruto da crueldade

de uma moça estuprada

Da vida só espero a morte

alívio de quem conhece a vida

uma vida que não conhece sorte

só o azar dessa dor contida

Parar de bater de frente?

De dar murro em ponta de faca?

quem sabe um dia você me entende

e vê o podre dessa violência desenfreada

Eu sou uma casca manchada

um refugo de segunda mão

sou a fruta podre e esmagada

que pisam e esmagam no chão

Mas ainda alegra-me o coração

porque o crack e a cocaína

ainda chegam a minha mão

através do povo da rocinha

Eu sou a bola da omissão

a que rola sem piedade

mas que cumpre a missão

de ser o retrato da impunidade

a cada uma porta a se abrir

dez eu vejo fechar

como posso ser feliz?

se nada, nunca irá mudar?

ERu nem quero mais mudar

essa sociedade não fede,nem cheira

eu só estou, à morte, a esperar

e seja como for, ao menos seja ligeira

Eu tô pra lá de bagdá

cheirando pó de ralé

não quero me estressar

com os manos de má fé

São todos farinha do mesmo saco

sou só mais um drogado

mais um nó, desmancha o laço

que eu mostro o meu fracasso

Não me importo com o céu

Deus deixou-me nascer

nesse mundo, amargo fél

fruto da violência eu não queria ser

Droga maior que a droga que eu uso

é a droga desse meu destino

ser filho de um abuso

e rejeitado após nascido

Ah! Morte...

Morte venturosa

Vem...

Vem me realizar

Tu és a minha paixão

a mais gostosa

a ti eu vou

eu vou me entregar

Ah! Morte...

Morte vem...

Não vou ser mentiroso

que de vida já estou sem

Mais de ti, mais desejoso

porque de tudo

de tudo estou desgostoso

e só você

só você me convém!

milizinha
Enviado por milizinha em 21/03/2007
Reeditado em 20/05/2011
Código do texto: T420872
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