BOLAS DE GUDE
BOLAS DE GUDE
Lúdicos folguedos de infância
Objetos de disputas inocentes
Em armas ativas transformados
Para minha tristeza e rebeldia
Estas pequenas esferas coloridas
São agora instrumentos de defesa
Contra a opressão a nos silenciar
Frente nossa vontade, e à revelia
Pobres animais que não se sustentam
Sobre suas ferraduras que deslizam
Em meus brinquedos simples, infantis
Antes fontes saudáveis de alegria
Triste o meu amor que sobrevive
E equilibra-se entre sustos e ameaças
Por não submeter-se aos abusos
E autenticar-se mais e mais na agonia
Por que não ouvem nossos gritos?
Por que são perigosas nossas idéias?
Por que nos atiçam à violência?
Por que nos agridem a ideologia?
Tudo que queremos é cantar
Falar, invocar racionalidade
Respeito, direito de ser livres
Amar e trabalhar no dia a dia
Uns vestem verde, outros índigo
Uns preferem branco, outros azul
Pra quê manchar o chão de vermelho?
Vamos conviver em harmonia?
Somos todos filhos, jovens da pátria
Irmãos, de pensamentos diferentes
Subvertamo-nos ante a força que oprime
Mas amemos a razão que concilia!
Leopoldina, MG, 16 de setembro de 1972.