BOLAS DE GUDE

BOLAS DE GUDE

Lúdicos folguedos de infância

Objetos de disputas inocentes

Em armas ativas transformados

Para minha tristeza e rebeldia

Estas pequenas esferas coloridas

São agora instrumentos de defesa

Contra a opressão a nos silenciar

Frente nossa vontade, e à revelia

Pobres animais que não se sustentam

Sobre suas ferraduras que deslizam

Em meus brinquedos simples, infantis

Antes fontes saudáveis de alegria

Triste o meu amor que sobrevive

E equilibra-se entre sustos e ameaças

Por não submeter-se aos abusos

E autenticar-se mais e mais na agonia

Por que não ouvem nossos gritos?

Por que são perigosas nossas idéias?

Por que nos atiçam à violência?

Por que nos agridem a ideologia?

Tudo que queremos é cantar

Falar, invocar racionalidade

Respeito, direito de ser livres

Amar e trabalhar no dia a dia

Uns vestem verde, outros índigo

Uns preferem branco, outros azul

Pra quê manchar o chão de vermelho?

Vamos conviver em harmonia?

Somos todos filhos, jovens da pátria

Irmãos, de pensamentos diferentes

Subvertamo-nos ante a força que oprime

Mas amemos a razão que concilia!

Leopoldina, MG, 16 de setembro de 1972.

Balzac José Antônio Gama de Souza
Enviado por Balzac José Antônio Gama de Souza em 03/03/2007
Código do texto: T399840