A marreta da morte é tão pesada Que a pedreira da vida não aguenta.

Aprendi que essa vida vai ter fim

E da sina tão triste não se escapa

A pedreira da vida nos dá tapa

Mas queria viver pra sempre assim

Saber que eu vou embora é bem ruim

Tenho raiva da morte, essa nojenta

Se eu pudesse quebrava o pau da venta

E rasgava o oiti desta safada

A marreta da morte é tão pesada

Que a pedreira da vida não aguenta.

Nossa vida é uma simples fantasia

Tão pequena que nós vestimos juntos

E no dia que formos só defuntos

Para sempre se acaba a alegria

Cada obra que aqui a gente cria

Se espedaça e jamais se sedimenta

Porque a morte cruel e truculenta

Passa em cima e a deixa esfarelada

A marreta da morte é tão pesada

Que a pedreira da vida não aguenta.

Ismael Gaião da Costa

Recife, 21 de março de 2009