O TRANCO DO GAÚCHO.

Nos idos de pré-colombo,

o índio, andava à campo.

Nômades de mil recantos

recorriam a Cisplatina,

das serras de Santa Catarina

no berço do Rio Pelotas,

pelo litoral e encostas

até o Prata, na Argentina.

Um dia chegou do Norte

o branco desbravador,

com fama de conquistador

trouxe muita novidade,

restringiu a liberdade

do nosso índio pampiano

que passou a ser orelhano

da sua própria identidade.

O americano, então, andou

para dentro das missões,

abrandaram-se os corações

em nome do deus Tupã

abraçou a vida cristã

atrás da Cruz de Lorena

deixou de ser o “ventena”

para formar um grande clã.

O negro chegou dos mares

pra mexer na agricultura,

padeceu com as agruras

de povo que foi cativo,

mas, andou sempre altivo

fez da cor a referência,

e adotou esta querência

como seu pago nativo.

O português, o espanhol...

o índio e o africano,

por muitos e muitos anos

viveram em deslocamentos,

dormiram em acampamentos

pra demarcar as fronteiras,

e desfraldaram bandeiras

de lutas e movimentos.

Foi no lombo do cavalo

que o Rio grande se afirmou,

na sua anca engarupou

muitas histórias de guerra,

a saga farrapa encerra

todos os ideais de Bento,

Sepé e o seu juramento:

“Morrer, peleando na terra”.

O Seival e o Farroupilha

ao comando de Garibaldi

não fizeram fama debalde

ao rodar rumo a Laguna,

pois, nesta faixa reiúna

se moveram de surpresa

pra vencer a realeza

e afundar suas escunas.

O colono europeu, migrou,

pra cortar terra de arado.

O boi trabalhou pesado

pra puxar o arrastão,

com o italiano e o alemão

o Rio Grande andou pra frente

e movimentou sua gente

pra desenvolver este rincão.

Lá do interior de São Paulo

desceram pra cá os “birivas”

e formaram comitivas

de comércio e tropeadas,

gado, cavalos e muladas

riscaram o sul do Brasil

numa cruzada mercantil

por todas estas canhadas.

Quando chegaram os gringos

trazendo a “cobra grande”,

se alvoroçou o Rio Grande

com o rumo da evolução.

Sumiu da nossa visão

as tropas, gritos e berros

embarcaram no trem de ferro

as marcas da tradição.

Então, se acomodaram

andarengos e tropeiros,

domadores e lanceiros

ficaram sem ocupação.

O ronco do caminhão

substituiu o carro de boi

e o ludicismo se foi

na cauda do avião.

O gaúcho, se tornou povo

arrocinado às distâncias,

nunca escondeu a ânsia

de se abraçar ao sucesso

até almejou o ingresso

entre os povos soberanos

e se tornou vaqueano

nos caminhos do progresso.

Em cada canto de pátria

do Brasil de sul a norte,

aonde quer que aportes

acharás uma bombacha,

nestas andanças machaças

o Gaúcho fez costumes

e serve de vaga-lume

onde a riqueza se acha.

Cruzando campos e serras,

coxilhas e depressões,

do Litoral as Missões

do Chuí até Garruchos.

Nunca precisou de luxo,

apenas de galhardia

pra mostrar a todos que um dia

“assim se movimentou o gaúcho”.

Poesia premiada com o segundo lugar na Reculuta da Poesia de Uruguaiana-RS dentro das comemorações da Semana Farroupilha 2007.

Seu Jorge
Enviado por Seu Jorge em 08/09/2007
Código do texto: T643215