O LIRIO E A ROSA

Juntos e harmoniosamente foram arrumados,

O lírio, a rosa, a margarida, o beijo e o cravo.

Um lindo buquê formaram entrelaçados,

Dentro de uma valiosa jarra de cristal.

Enfeitavam a mesa central da sala,

Enriquecendo ainda mais o ambiente,

Com suas formas, cores e perfumes.

Mas... Algo não se passava bem, lá no buquê;

E sem que ninguém pudesse ouvir ou perceber,

Sussurrou, entre dentes, a rosa ao lírio:

_ Afaste-se de mim, seu desajeitado!

Não vê que está me esmagando?

_ Mentirosa... Exibida... Deixe-me quieto!

_ Querem calar a boca, vocês dois? Desabafa a margarida.

_ Se eu fosse você, não me metia nisso. Alerta o cravo.

_ Calem a boca, todos vocês - Ordena a rosa -

Já não basta esse lírio me sufocando?

_ Não estou lhe sufocando, majestade! - Ironiza o lírio -

Afinal, sou apenas um plebeu...

_ Ainda bem que reconhece o seu lugar!

Nasci numa estufa, entre as hábeis mãos de um jardineiro,

Sempre fui tratada com cuidado e elegância,

Pois sou refinada, preciosa e bela...

Sou rica em cores e perfumes,

Sou presente caro e raro...

Sim, sou uma rainha, e como tal exijo ser tratada!

_ Pois não me impressiona nem um pouco a sua estufa,

Já que nasci no campo, sob o sol e as estrelas!

Jamais tive um jardineiro me podando a toa,

E cresci livre, perfumado, belo e... Sem espinhos...

Também tenho cá meus fãs, rubra rosa,

Entre eles, até mesmo Jesus Cristo,

Que disse à humanidade, aconselhando humildade:

_ Olhai os lírios do campo...

Eles não fiam e nem tecem,

Mas nem o rei Salomão, em toda a sua gloria,

Jamais se vestiu como um deles!

24-06-99