VALQUÍRIA

No rubro escrínio de meu coração

Tenho as saudosas horas de alegria

Que curtimos nos transes da ilusão

E que serem eternas, parecia.

Mas... Veio a louca e hedionda ventania

E as varreu sem nenhuma compaixão,

Deixando apenas triste poesia

Com pobres rimas, sem inspiração.

Guerreiro sem espada e sem couraça

Como posso bater-me em campo aberto?

Espezinham-me agruras de chalaça

Enquanto vivo um pesadelo incerto.

Bem armado, o inimigo é tão feroz,

Mas lutarei com fé e com denodo.

Enquanto não calarem minha voz

Estarei combatendo, o tempo todo.

Se eu cair pelos campos de batalha,

Uma Valquíria compassiva e santa,

Há de me recolher, com a mortalha,

Para levar-me ao céu que tanto encanta!

Lucan
Enviado por Lucan em 29/09/2008
Código do texto: T1202405