NATUREZA SOFRE
Tarcísio R. Costa
 
Penetrei no silêncio do arvoredo,
Orientado pelas curvas do rio.
Um silêncio tétrico, frio,
Me trouxe medo...
Ouvi um pio do mocho,
Senti arrepio.
 
 Lá, depois do rio,
Cantava um sabiá,
Encantei-me, quis ir lá,
Mas tudo parecia mistério,
Até aquele canto do sabiá...
 
Árvores imensas
Abrigavam o passado,
Em silêncio fiquei a espreitar,
Nada via além daquele rio sinuoso,
Que sumia silencioso.

Não havia, sequer uma borboleta,
Talvez porque não tivesse flores...
 
Olhei em meu derredor,
Vi galhos secos ao chão,
Apertou-se meu coração,
Pensei, decedi sair.
 
Voltei para o alarido,
Um mundo sofrido.
Tive um desejo profundo
De entender esse mundo,
Senti-me perdido.
 
É o mundo da incoerência,
A natureza vive triste,
O dedo do homem em riste,
Determina a violência
Fere, sangra a floresta
Acaba a alegria das flores
Já não se vê colibris,
A natureza agoniza,
Sente dores.

Aos pouco se some a beleza
 E tudo se torna triste na natureza.
 

Tarcísio Ribeiro Costa

Tarcísio Ribeiro Costa
Enviado por Tarcísio Ribeiro Costa em 06/11/2008
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