TER É SINA II

cidade sem memória

sol e sombra do nada

sitia os deserdados

o fogo o terror nas casas de palha

os pedaços da doméstica

quarentinha bibelô nicinha

guerra silenciosa e

capital redistribui os espaços

da fome e dá forma à frei serafim

os anos fiados em miséria

perdidos à sombra do tempo

perpetuados à luz do dia

fabricados armazenados

teresina: claudino & cia

tajra tajra tajra taJRa tajra tajra

à igreja do santo negro

submersa em lendas

superpõe-se as torres

do amparo e a crença dos fiéis

paisagem artificial

se interpõe à brisa libertina

espigões tramam a colheita diária

de calor e cansaço

um monumento à morte

potycabana anfiarte

divisa a linha da vida

na miragem das coroas

ao lírico por do sol

avermelhando as cortinas

o rio se dá assoreado fulminado

entre navios sonâmbulos

paruaçu, rio de sonho, salve, salve.

um pescador de horizontes

senamora sete moças virgens

sobre o neon de natal da ponte

pára-raios vigiam o mito

coriscos já não riscam noite

não se pode dizer de lendas

antenas sensíveis decifram céu de enigmas

Elias Paz e Silva
Enviado por Elias Paz e Silva em 15/04/2007
Código do texto: T450110
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.