POEMA DISCURSIVO À MODA ANTIGA (Oração Moderna de Fim de Shabat)
nesse final de shabat
me envolve o frêmito do eterno
luz canto remoto assim
toda vez que o rolo do livro se abre em mistério
(o coração de pai suspenso ante a menor profusão dos sentidos)
neste final de shabat
a oração se interpõe silenciosamente em línguas familiares
ao mundo ao século à carne ao corpo
me possui voraz o coração a esperança tranqüilos
neste final de shabat
às portas do templo que sou
o muro ocidental em louvores me convida
à nova Jerusalém revivida no sangue
na república em dois pedaços de mim
império da eternidade
neste final de shabat
não há velas nem ritos antigos ou flores que anunciem
a festa das semanas
afogado em afagos o fogo interior
asperge amor por e a cor do sabor
agora é o tempo e seus enigmas à luz da noite, ó noites
afoito entre cãs cardos silêncios brados
neste final de shabat
inauguro a escuridão em delícias, sozinho, contigo mesmo
o salmo feliz da certeza
de outra luz outro dia
outra vida mais viva
repartida como estrela clara suspensa sobre o rio lilás