GOTA SERENA DE MATUTO:

Nesta vida de matuto

Eu já fiz de tudo um pouco

Fiz picolé de rolete

Sabugo de mie cassete

Só pra enganar as donzelas

Pensar que sou cabra macho

Deixar eu tirar seu coipête

Pra ver o que tem debaixo

Roubei esmola de cego

Na cuia de queijo reino

Bebi inté água de pote

Na casa de um leproso

Tirei feixiclé agarrado

Nos cunhão de cabra bebo

Rapariga perdoa

Xêxo de caloteiro

Fiz politico me pagar

Promessa de dar dinheiro

Menino fême embarreirar

A burra sem seu cabresto

Eu fiz verso de improviso

Do erudito ao brejeiro

Fiz chover no meu sertão

Fui galo no galinheiro

Meti dedo no Baton

Da vitalina zárioa

Tomei leite de burra preta

Catei piolho em macaco

Lavei bunda de menino

Comi calango no taxo

Fui a tara do tarado

Na piscina do parraxo

Li poemas do Bocage

Do Camões e do Cartaxo

Tomei menino novo

Da mão de um papafigo

E passei papa na boca

Do velho bebo caído

Fiz de tudo que queria

Só não consegui inté hoje

Parar o trem “Great West"

Na poesia de Quirino.

Nicola Vital
Enviado por Nicola Vital em 23/03/2015
Reeditado em 08/06/2021
Código do texto: T5180225
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