GOTA SERENA DE MATUTO:
Nesta vida de matuto
Eu já fiz de tudo um pouco
Fiz picolé de rolete
Sabugo de mie cassete
Só pra enganar as donzelas
Pensar que sou cabra macho
Deixar eu tirar seu coipête
Pra ver o que tem debaixo
Roubei esmola de cego
Na cuia de queijo reino
Bebi inté água de pote
Na casa de um leproso
Tirei feixiclé agarrado
Nos cunhão de cabra bebo
Rapariga perdoa
Xêxo de caloteiro
Fiz politico me pagar
Promessa de dar dinheiro
Menino fême embarreirar
A burra sem seu cabresto
Eu fiz verso de improviso
Do erudito ao brejeiro
Fiz chover no meu sertão
Fui galo no galinheiro
Meti dedo no Baton
Da vitalina zárioa
Tomei leite de burra preta
Catei piolho em macaco
Lavei bunda de menino
Comi calango no taxo
Fui a tara do tarado
Na piscina do parraxo
Li poemas do Bocage
Do Camões e do Cartaxo
Tomei menino novo
Da mão de um papafigo
E passei papa na boca
Do velho bebo caído
Fiz de tudo que queria
Só não consegui inté hoje
Parar o trem “Great West"
Na poesia de Quirino.