ASAS QUEBRADAS

É... Não tem jeito mesmo!

Risco, rabisco e nada se forma.

Entre linhas, não há razões, não há rimas;

Entre os anseios, não há poesia.

Procuro, vasculho, jogo tudo para o ar,

Como quem remexe uma gaveta,

tentando encontrar as luvas, ou o manto,

Tentando salvar a vida... o pulsar...

Desisto. O vazio me consome.

As rimas se foram, me abandonaram.

A inspiração permanece tão distante,

Que parece jamais ter sido presente.

Será que antes, em outros tempos,

Alguma força inexplicável me tomava?

Será que, por descuido, lá dos cèus,

Alguma benção caía e sobre mim pairava?

Ou será que existe mesmo, fada madrinha,

E que sempre ao meu lado, por algum motivo,

Comigo decepcionou-se e foi-se embora,

Com a intenção de jamais voltar?

De um jeito ou de outro, tudo acabou.

É como o tempo, que senhor dos dias,

Vem e passa, sem olhar para trás,

Deixando apenas nas lembranças... a vida!